Papai Noel em Paris ou em Porto de Galinhas, em Pernambuco?
Réveillon em Aruba ou em Maragogi, nas Alagoas?
Se fosse escolher apenas olhando preços, o turista brasileiro poderia tranquilamente optar pelo destino internacional. Em uma pesquisa com operadoras de turismo brasileiras, a reportagem do iG comparou preços de pacotes para o Natal e o Ano Novo e constatou: passar os feriados de fim de ano fora do Brasil, em alguns casos, custa menos que viajar dentro do próprio País.
Uma viagem de fim de ano de oito dias para um resort em Porto de Galinhas, no litoral sul de Pernambuco, custa aproximadamente US$ 4,8 mil (cerca de R$ 8.200) no apartamento individual. Pelo mesmo valor, o turista brasileiro pode passar nove dias em Paris (US$ 2,9 mil ou R$ 4.930) e ainda voltar com a mala cheia de compras. Outra opção ? também mais barata ? é passar o réveillon em Dubai, nos Emirados Árabes, pagando aproximadamente US$ 4,4 mil (R$ 7.500) por oito dias de viagem.
O Natal e o réveillon em Aruba ? um dos principais polos turísticos caribenhos ? custarão ao turista brasileiro aproximadamente US$ 3,7 mil (R$ 6.300), em uma viagem de oito dias. Para quem preferir, é possível passar a virada do ano na Disney, em dez dias, pagando US$ 3,5 mil (R$ 6 mil). Em ambos os casos, os valores são inferiores aos US$ 5,5 mil (R$ 9.350) cobrados pelo resort Salinas do Maragogi, em Alagoas.
É importante frisar que nos casos citados acima as hospedagens no Brasil se dão em hotéis e resorts de primeira linha e que os pacotes internacionais geralmente oferecem hospedagem em hotéis de categorias turísticas, bastante simples. Porém, mesmo quando se compara dois pacotes semelhantes, é possível encontrar preços mais em conta no exterior.
Passar sete dias em Natal (RN), por exemplo, pode ser mais caro do que ficar uma semana em Buenos Aires, a capital argentina. Segundo o levantamento do iG, a viagem para a cidade do Nordeste custa aproximadamente US$ 967 (R$ 1.650), enquanto, para a Argentina, sai por US$ 788 (R$ 1.340).
Para o centro-oeste brasileiro, uma viagem de três dias no Rio Quente Resorts tem o preço aproximado de US$ 1,4 mil (R$ 2.400), enquanto três noites em Santiago, no Chile, custa cerca de US$ 796 (R$ 1.360). Nas viagens para janeiro, o dólar também beneficia as idas ao exterior. Um pacote de sete noites em Porto Seguro custará, aproximadamente, US$ 1,02 mil (R$ 1.703), valor superior aos US$ 836 (R$ 1.421) cobrados pela viagem também de sete noites para Buenos Aires.
Em alto-mar
Nos cruzeiros marítimos, o fortalecimento do real frente ao dólar também torna a viagem mais acessível aos brasileiros. Com todos os custos em moeda norte-americana (mesmo para os trajetos que percorrem apenas o litoral do Brasil), as viagens internacionais em alto-mar também surgem como opção.
Segundo o levantamento elaborado pelo iG, um cruzeiro de réveillon, com duração de 11 noites, passando pelas cidades de Gênova (Itália), Katakolon e Heraklion (Grécia), Marmaris (Turquia), Alexandria (Egito), Pireus (Grécia), Palermo e Civitavecchia (Itália) custa, aproximadamente, US$1,2 mil (R$ 2.040).
Um cruzeiro de Ano Novo, saindo de Santos, passando por Rio de Janeiro, Buenos Aires, Punta Del Este e São Francisco do Sul, em uma viagem de nove dias custa cerca de US$ 1,8 mil (R$ 3.000).
O motivo para essa disparidade tem nome e sobrenome carimbados no passaporte: valorização cambial. Com o Real apreciando-se há quatro anos, além de os produtos importados ficarem mais baratos, o sonho da viagem internacional também fica cada vez mais próximo. Segundo dados do Banco Central, os gastos dos turistas brasileiros no exterior cresceram 36,9% em outubro e totalizaram US$ 13,1 bilhões nos dez primeiros meses de 2010. No ano, o Real valorizou-se 3,15%, até o fechamento da última sexta-feira.
No Aeroporto Internacional de Guarulhos, o maior do País, o aumento do movimento de passageiros é sensível. Em outubro, 8,5 milhões de pessoas passaram pelos terminais dos voos internacionais, crescimento de 23,6% frente ao registrado em igual mês do ano passado. Pelo saguão do desembarque internacional do aeroporto, é comum ver turistas com malas carregadas de presentes e produtos eletrônicos comprados no exterior ? normalmente, a preços muitíssimo mais baixos que os praticados no Brasil.
Além dos ganhos com a variação cambial, os turistas brasileiros também se beneficiam com a crise atravessada por países europeus e pelos Estados Unidos, que deixam os pontos turísticos locais mais baratos. "Nesses países, os consumidores não estão viajando como há dois anos. Logo, os pontos turísticos lá estão com boas ofertas", diz José Eduardo Barbosa, presidente da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa).
Para ele, a tendência é de que os preços continuem atrativos para o brasileiro no exterior. Barbosa acredita em um crescimento médio de 20% nas viagens internacionais neste fim de ano. Para 2011, o quadro não deve mudar. "Os fatores permanecem iguais. Enquanto os principais países estiverem em crise, o brasileiro terá boas oportunidades para ir ao exterior."