Reunidos ao longo da sexta-feira (16), representantes das Casas Bahia e do Pão de Açúcar ainda estão longe de um acordo para salvar a fusão entre as empresas. Os encontros começaram pela manhã, com a participação de Samuel e Michael Klein, das Casas Bahia, e Abilio Diniz, do Pão de Açúcar. A reunião entre os controladores durou cerca de duas horas, segundo o jornal "O Estado de S. Paulo".
À tarde, as discussões prosseguiram entre os advogados e os assessores financeiros. Novos encontros ainda vão acontecer. As Casas Bahia se manifestaram oficialmente pela primeira vez desde que o conflito entre os dois grupos varejistas veio a público. Em uma breve nota enviada à imprensa, a empresa informou que "continua empenhada em manter tratativas visando a preservação dos interesses de seus sócios e de seus mais de 56 mil colaboradores".
Na semana passada, Pão de Açúcar confirmou por meio de Fato Relevante que as Casas Bahia e seus sócios manifestaram a "intenção de rever a associação" fechada entre as duas empresas em dezembro do ano passado.
Um dos pontos de discórdia, que a Casas Bahia quer rever, é o prazo existente no acordo para que os Klein possam vender a sua participação na empresa criada com a fusão dos ativos. As empresas também estariam divergindo sobre o valor dos ativos definido na primeira fase de negociação, em 2009. Pelo acordo, os ativos da Casas Bahia precisam ser aportados dentro da nova empresa e devem corresponder a um aluguel mensal aos Klein.
Um dos maiores empecilhos a um acordo é que, mesmo que o Pão de Açúcar concordasse com tudo que os Klein desejam mudar, o grupo tem limitações por ter capital aberto, com ações negociadas na Bolsa. Mudar o contrato pode dar margem a processos por parte dos acionistas minoritários, que negociaram papéis da companhia durante quatro meses sob as bases do acordo de dezembro.
A união das duas empresas em dezembro criou um gigante do varejo com mais de R$ 18,5 bilhões em faturamento bruto anual. Pelos termos do negócio apresentado na época, a CBD deveria transferir para a Globex, pelo valor de R$ 120 milhões, todos os estabelecimentos comerciais onde atualmente são operados negócios de varejo de bens duráveis (lojas Extra Eletro). Esse acordo não abrange os negócios de bens duráveis operados pela CBD em seus supermercados e hipermercados.