O Rio de Janeiro entrou na disputa e bateu Tóquio, Madri e Chicago para sediar a Olimpíada de 2016. Agora, o embate se dará entre as empresas para saber quais vão ser as escolhidas para patrocinar oficialmente os jogos e se associar à marca Rio2016. Apenas dez poderão ser selecionadas e vão disputar uma participação num patrocínio projetado pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) em US$ 570 milhões.
O valor é muito maior do que o cobrado no último ciclo de patrocínio do comitê que se encerraria em 2010, cerca de R$ 10 milhões para cada empresa. O término do ciclo foi antecipado para 2009, por conta da vitória da campanha carioca. O próprio COB, em sua proposta oficial, considera, porém, o valor baixo por conta do crescimento econômico do país. Essa disputa pela verba de patrocínio oficial traz embutido um componente complicador.
Quem tem prioridade em selecionar os patrocinadores mundiais da Olimpíada é o Comitê Olímpico Internacional (COI), que em 2016 espera arrecadar US$ 335 milhões. E se o COI escolher uma empresa de automóveis por exemplo, nenhuma das nacionais poderá se candidatar a patrocinadora no Brasil.
Isto vale para todos os setores. Empresas As empresas já começam a se posicionar e aumentar seus investimentos nos atletas para, pelo menos, garantir o seu quinhão na mídia através dos atletas. É o caso da Embratel que, este ano, aumentou seu orçamento de patrocínio esportivo em 10% e, em 2010, crescerá em 20%. A empresa, que foi a primeira a aderir à campanha do COB pelo Rio, agora espera o posicionamento do COI para manter o patrocínio.
Mas já começa a procurar atletas que possam virar estrelas olímpicas. " Já estamos estudando várias propostas " , conta Marcello Miguel, diretor de marketing da empresa. Como a maior parte das empresas estatais, a Caixa Econômica Federal (CEF) tem um grande orçamento para patrocinar vários esportes. Gerson Bordignon, gerente nacional de patrocínio do banco, conta que a CEF investe desde 2001 em atletismo, de 2006 em ginástica e de 2007 em lutas associadas. Além de ser o financiador de todos os atletas paraolímpicos.
O orçamento esportivo do banco cresce a cada ano. Em 2008, foram gastos R$ 3 milhões com ginástica e os 18 centros para jovens iniciantes. Este ano estão sendo construídos mais 12, com um investimento total de R$ 4 milhões na Confederação Brasileira da Ginástica. Para o atletismo foram R$ 12,5 milhões em 2008 e R$ 13,5 milhões neste ano. Dados da Petrobras mostram como este investimento nos atletas traz bons retornos de mídia. Neste ano, o investimento total no handball, que inclui também as categorias de base, centros de treinamento e uma copa nacional entre escolas, será de R$ 2,36 milhões.
O retorno, em divulgação na mídia, já chega a R$ 2,9 milhões, 22% a mais. " A Petrobras não investe em atleta individualmente, mas sim no desenvolvimento de um esporte e acaba também tendo um bom retorno " , diz Cláudio Thompson, gerente de Patrocínio Esportivo. Crescimento Nesse novo cenário, a fatia do setor esportivo no PIB poderá crescer de 2% para 4% em cerca de 20 anos, nível atual dos Estados Unidos ou de países desenvolvidos da Europa. Thiago Scuro, professor do MBA Gestão e Marketing Esportivo da Trevisan Escola de Negócios, explica que é o " efeito ídolo esportivo " . " Foi o que aconteceu com o (tenista) Guga e agora com o (nadador) Cielo.
Como vamos ter uma grande exposição de vários esportes, o peso será muito maior. " Outra forma de aproveitar o bonde da vitória foi agir rápido como fizeram a Azul Linhas Aéreas e o Ponto Frio. A Azul fez uma promoção relâmpago e vendeu passagens a R$ 16 na sexta-feira até às 16h16m. " Somos uma empresa jovem e repleta de cariocas. E como não podemos ser patrocinadores, temos que ser ágeis " , afirma Jean Franco Betting, diretor de Marketing da Azul. Já a rede varejista Ponto Frio está dando 7% de desconto em seus produtos vendidos pela internet, o mesmo número de anos que faltam para a Olimpíada.