e os preços do trivial básico da cesta de compras ? o tomate, a batata e a cebola nossa de cada dia ? já causam espanto no carioca e motivam protestos bem-humorados nas redes sociais, a variedade e o valor das extravagâncias de Páscoa são dignos de assombro.
É o caso do ovo king size da Kopenhagen, de 10 quilos. Para levar o produto para casa, não basta disposição para carregar o peso extra. O chocólatra precisa desembolsar R$ 1.990.
É exclusividade para poucos: a própria CRM, dona da Kopenhagen e da Chocolates Cacau Brasil, afirma que foram produzidas apenas 41 unidades. Para o chocólatra em nível médio, há uma versão ?mignon?, de 5kg, por R$ 990.
Para se ter uma ideia do tamanho do apreço pelo chocolate, o valor é praticamente o mesmo de um iPad Air de 64 gigabytes, que sai, em média, por R$ 2.000.
A oferta de chocolates gourmet não é voltada apenas ao consumidor voraz. No Aquim, uma versão crocante de 400 gramas sai por R$ 180, quase o mesmo preço do chocolate suíço da Lindt, de 300 gramas, a R$ 189 na Lidador. No site das Lojas Americanas, uma lata de chocolate suíço Lindt sai por valor mais modesto: R$ 69,90 por 20 bombons.
E os preços salgados vão da entrada à sobremesa. O bacalhau pode ser encontrado por R$ 95 na embalagem de dois quilos no Zona Sul. Para regar a extravagância, o azeite italiano extravirgem Tenuta San Guido sai pela bagatela de R$ 325,10 na Lidador.
Ainda assim, dependendo do gosto ou do número de convidados do freguês, pode sair mais em conta do que pedir a refeição em casa. No Portal do Sabor, o cardápio para entrega em domicílio inclui lombo de bacalhau por R$ 300 por quilo e saladas diversas por R$ 180 por quilo.
? A gente sempre vai ter produtos AA, é um mercado muito forte e funciona bem. O que temos percebido é que esses consumidores estão viajando e comprando os produtos mais lá fora do que no país. Claro que, com alimentos, isso não é tão fácil ? afirma Adilson Carvalhal Junior, presidente da Associação Brasileira dos Importadores e Exportadores de Bebidas e Alimentos (Abba), que prevê que as vendas de Páscoa devem ficar estáveis.
Apesar da oferta generosa de produtos, ele afirma que o esfriamento da economia e a instabilidade do dólar moderaram o apetite dos consumidores.