O Ministério Público Federal anunciou nesta sexta-feira (4) que vai investigar a saída das grandes operadoras de saúde do mercado de planos individuais. Uma delas, a Golden Cross, transferiu os clientes individuais para a Unimed Rio.
A aposentada Vera Ribeiro tem plano de saúde da Golden Cross há 7 anos.
Não esperava que a mudança para a Unimed a deixasse sem medico num momento tão difícil.
Ela ia operar a mão esta semana. Mas o cirurgião não atende pela nova operadora.
?Quando eu cheguei na clínica, a clínica falou, eu sinto muito mas a Golden, já fomos excluídos da Golden desde o dia 1º, nós não temos mais Golden e nós não trabalhamos com Unimed?, revelou Vera Ribeiro, aposentada.
No dia 1º de outubro, a Golden Cross passou os contratos de planos de saúde individuais para a Unimed. Ao todo, 160 mil usuários.
Pela legislação, a nova operadora tem a obrigação de manter a rede hospitalar, mas não os laboratórios, nem os médicos.
Mas, para evitar mais transtornos, a Unimed anunciou, nesta sexta-feira, que os ex-clientes da Golden Cross terão todos os benefícios mantidos até 1º de novembro. Ou seja, ainda poderão usar laboratórios e médicos credenciados pelo antigo plano nesse período.
?Pacientes oncológicos, pacientes que estão em tratamento de diálise, ou pacientes que estão com cirurgia marcada, a nossa preocupação é primordialmente garantir a esses pacientes que eles não terão nenhum problema de continuidade e nem nenhum problema de atendimento para dar continuidade a esses tratamentos?, afirmou Walter César, superintendente de empreendimentos/Unimed-Rio.
Depois de 1º de novembro, os antigos usuários da Golden Cross terão que se adaptar. Voltarão a ter direito apenas à mesma rede hospitalar. Para a Defensoria Publica do Rio de Janeiro as duas operadoras fazem o que determina a lei. Mas isso não significa que os consumidores estejam protegidos.
?O que a gente gostaria é que esse novo plano, essa nova operadora, buscasse também contratar e conveniar esses médicos que eram da outra operadora?, ressaltou Larissa Davidovich, da Defensoria Pública - RJ.
Para a coordenadora do Núcleo de Defesa do Consumidor, a Agência Nacional de Saúde deveria rever as regras de regulação para impedir que as grandes operadoras desistam de vender planos individuais.
?Não vemos com bons olhos essa prática. Rechaçamos essa prática das operadoras de escolherem para quem elas vão contratar, de que tipo de plano que elas vão oferecer, justamente porque estão vendendo saúde?, disse Larissa.
Depois que 11 dos 17 grandes grupos de empresas de planos de saúde cancelaram a venda de contratos individuais o Ministério Público Federal informou que vai abrir inquérito, na semana que vem, para apurar os motivos dessa decisão.
A Agência Nacional de Saúde declarou que estuda novas formas de estimular a oferta de planos individuais, mas que não pode obrigar as operadoras a vendê-los. E a Golden Cross afirmou que tem apoiado a Unimed Rio no processo de transição para diminuir os transtornos aos clientes.