Pela segunda reunião seguida, Copom mantém juros em 8,75% ao ano

Com retomada econômica, preocupação do BC é com aumento da inflação

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Depois de interromper em setembro o ciclo de redução dos juros, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, formado pelos diretores e pelo presidente da instituição, se reuniu novamente nesta terça e quarta-feiras (20 e 21) e decidiu manter a taxa Selic estável em 8,75% ao ano.

O encontro durou pouco menos de duas horas. Foi a segunda manutenção da taxa básica de juros, que aconteceu após cinco cortes consecutivos na taxa Selic - ocorridos entre janeiro e julho deste ano. A decisão foi unânime e sem viés, de modo que a taxa deve permanecer neste patamar até a próxima reunião do Copom, marcada para 8 e 9 de dezembro.

Explicação

Ao fim do encontro, o Copom divulgou a seguinte frase: "Tendo em vista as perspectivas para a inflação em relação à trajetória de metas, o Copom decidiu manter a taxa Selic em 8,75% a.a., sem viés, por unanimidade. Levando em conta, por um lado, a flexibilização da política monetária implementada desde janeiro, e por outro, a margem de ociosidade dos fatores produtivos, entre outros fatores, o Comitê avalia que esse patamar de taxa básica de juros é consistente com um cenário inflacionário benigno, contribuindo para assegurar a manutenção da inflação na trajetória de metas ao longo do horizonte relevante e para a recuperação não inflacionária da atividade econômica".

Expectativa do mercado

A manutenção dos juros confirmou a expectativa de grande parte dos analistas do mercado financeiro. A projeção dos economistas é de que os juros permanecerão neste mesmo patamar, pelo menos, até julho de 2010. Após julho, a previsão do mercado é de que o Copom eleve a taxa para 10,50% ao ano até o fim do ano que vem. A perspectiva dos economistas de aumentos de juros maiores em 2010 passou a acontecer após a divulgação do relatório de inflação do terceiro trimestre pelo BC, ocorrida no fim de setembro.

No documento, a autoridade monetária prevê um aumento da inflação em 2010 e 2011, impulsionado pelos gastos públicos. Mínima histórica e Juros reais Mesmo com a manutenção dos juros nesta quarta-feira pela segunda reunião consecutiva, a taxa Selic permanece no patamar mais baixo da série histórica do Copom, que tem início em 1996. Com a decisão, o Brasil se manteve na quarta posição no ranking mundial de juros reais (calculados após o abatimento da inflação projetada para os próximos doze meses). Segundo cálculos da consultoria econômica UpTrend, os juros reais brasileiros estão em 4,3% ao ano, sendo superados pela China (6,6% ao ano), Argentina (5% ao ano) e Malásia (4,5% ao ano).

Sistema de metas No Brasil, vigora o sistema de metas de inflação, pelo qual o Copom tem de calibrar a taxa de juros para atingir uma meta pré-determinada com base no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Ao subir os juros, atua para conter a inflação e, ao baixá-los, avalia que a inflação está condizente com as metas. Para este ano, e para 2010, a meta central de inflação é de 4,50%. Entretanto, há um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.

Com isso, o IPCA pode ficar entre 2,50% e 6,50% sem que a meta seja formalmente descumprida. O mercado prevê, atualmente, um IPCA de 4,30%, de 4,42% e de 4,50% para 2009, 2010 e 2011. Deste modo, ainda em linha com a meta central de 4,50% estabelecida pelo governo federal. Já o BC prevê, no "cenário de mercado", um IPCA de 4,2% para este ano e de 4,4% para 2010. Entretanto, em doze meses até o terceiro trimestre de 2011, a estimativa sobe para 4,6%.

Cenário dos últimos meses O BC baixou os juros até julho deste ano (cinco cortes seguidos) por conta dos efeitos da crise financeira internacional na economia brasileira, que resultou em queda do crescimento por dois trimestres consecutivos e jogou o país na chamada "recessão técnica". Entretanto, o IBGE informou, em setembro deste ano, que a economia brasileira saiu da recessão no segundo trimestre de 2009, quando cresceu 1,9% em comparação aos três meses imediatamente anteriores.

Desde então, acumulam-se sinais de aquecimento da economia, o que fez o mercado financeiro acreditar que o aumento dos juros, antes previsto para o fim do ano que vem, pode acontecer antes disso, a partir de julho de 2010.

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