As mulheres estão ganhando mais, mas ainda recebem muito menos que os homens. É o que se pode concluir a partir dos dados da pesquisa Estatísticas de Gênero 2014, apresentada pelo IBGE nesta sexta-feira (31).
Entre 2000 e 2010, o rendimento delas aumentou em 12%, enquanto o deles aumentou 8%. Isso quer dizer que estamos caminhando em direção à igualdade de gênero. Mas elas ainda recebem apenas 68% do que eles ganham.
Quando eles ganham R$ 10,00, elas ganham R$ 6,80.
Isso significa que, para ganhar o mesmo que o brasileiro médio ganha ao longo de um ano, a mulher teria de trabalhar o equivalente a 536 dias — cinco meses e meio a mais só para pagar o preço da desigualdade.
O número é resultado não só da diferença salarial entre cargos, mas da falta de representatividade feminina em posições tipicamente bem-remuneradas.
Além de ganharem menos, as mulheres também têm menor presença no mercado de trabalho: em 2010, último ano coberto pela pesquisa, 30% das mulheres de 16 anos ou mais não tinham qualquer tipo de rendimento. Entre os homens, a proporção era de 19,4%.
Os menores rendimentos têm sexo, cor e Estado de origem. Segundo a pesquisa, metade das mulheres pretas ou pardas do Nordeste ganha menos de um salário mínimo.
Em nível nacional, a proporção é de 33,7%.
Dupla disparidade
A diferença fica ainda mais gritante considerando critérios de gênero e de raça. Mulheres pretas ou pardas têm rendimento médio de R$ 727.
A quantia corresponde a pouco mais que um terço do rendimento médio de um homem branco (R$ 2.086).