A presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, afirmou nesta quarta-feira (23) que a empresa estatal tem recursos em caixa para pagar sua parcela no bônus de assinatura do campo de Libra, no valor de R$ 6 bilhões, sem precisar de um reajuste de combustíveis neste momento e, também, sem a necessidade de um aporte de recursos por parte do Tesouro Nacional ? controlador da empresa.
"A Petrobras tem caixa para pagar os R$ 6 bilhões sem reajuste [dos combustíveis] e sem precisar do Tesouro", declarou Graça Foster após reunião com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que também é o presidente do conselho da empresa estatal. Questionada sobre a possibilidade de um novo reajuste no preço da gasolina nas refinarias ainda neste ano, ela se limitou a dizer que ainda não há data fechada para que isso ocorra. "Não tem data", afirmou ela.
O último reajuste no preço da gasolina aconteceu em janeiro deste ano. Economistas têm questionado a capacidade de a Petrobras realizar os investimentos necessários no campo de Libra em um cenário no qual o preço dos combustíveis no mercado interno é considerado defasado em relação aos outros países ? o que gera perdas para a empresa estatal.
Investimentos em Libra
A presidente da Petrobras explicou, porém, que, nos primeiros dois a três anos da exploração do campo de Libra, os investimentos "não são expressivos". Ela disse ainda que a produção de petróleo da estatal começa a aumentar no quarto trimestre deste ano. "E quem produz mais petróleo, produz mais geração operacional. Precisa buscar menos recursos no mercado", afirmou Graça Foster.
Ela afirmou ainda que a Petrobras buscará antecipar "uma série de atividades" para produzir esse óleo, do campo de Libra, da "forma mais otimizada possível, no menor espaço de tempo, ao menor custo". "O caixa da Petrobras está muito bem. Vai chegar ao final de 2013 conforme o planejado no início do ano", disse Graça Foster.
Leilão
Na segunda-feira (21), consórcio formado pela Petrobras, pela Shell, pela Total, e pelas chinesas CNPC e CNOOC arrematou o campo de Libra e foi o vencedor do primeiro leilão do pré-sal sob o regime de partilha ? em que parte do petróleo extraído fica com a União. A participação das petroleiras Shell e Total surpreendeu especialistas do setor e impulsionou as ações da estatal.
Único a apresentar proposta, contrariando previsões do governo, o consórcio ofereceu repassar à União 41,65% do excedente em óleo extraído do campo ? percentual mínimo fixado pelo governo no edital. Nesse leilão, vencia quem oferecesse ao governo a maior fatia de óleo ? o regime se chama partilha porque as empresas repartem a produção com a União.
A Petrobras terá a maior participação no consórcio vencedor, de 40%. Isso porque, embora a proposta aponte uma fatia de 10% para a estatal, a empresa tem direito, pelas regras do edital, a outros 30%. A francesa Total e a Shell terão, cada uma, 20%. Já as chinesas CNPC e CNOOC terão 10% cada.