Segundo entidade, investimentos devem crescer 14% no próximo ano. O Produto Interno Bruto (PIB) deve apresentar um crescimento de cerca de 5,5% em 2010, segundo estimativa divulgada nesta terça-feira (15) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). "A economia brasileira não deve ter crescimento real em 2009.
O ciclo de crescimento expressivo dos últimos anos foi interrompido pelos efeitos da crise que atingiu a economia mundial", informou a entidade.
Indústria lidera
Segundo a Confederação Nacional da Indústria, a expansão econômica de 2010 deve ser liderada justamente pela indústria, cujo PIB deve avançar 7% no ano que vem, contra uma contração de 4,5% em 2009. Para a indústria de transformação, o crescimento projetado é de 7,5% e, para a construção civil, de 5%.
Demanda interna
"O crescimento será novamente sustentado pela demanda interna, pois a contribuição esperado pelo setor externo é negativa", informou a entidade. De acordo com a CNI, a massa salarial deve crescer 5% em termos reais no próximo ano, enquanto que os investimentos deverão avançar 14% no próximo ano, atingindo a marca de 18,3% do PIB.
Câmbio e comércio exterior
Segundo a CNI, a valorização do câmbio (dólar baixo) persistirá sendo um "problema" em 2010. "O real continuará a se valorizar por vários motivos. Um deles é a entrada de recursos externos para financiar um maior déficit em transações correntes (balança comercial, serviços e rendas).
Parte desses recursos será proveniente de investimentos estrangeiros diretos, que recuaram durante a crise, mas que deverão voltar a crescer em 2010", informou. A entidade estima que a taxa de câmbio termine o ano que vem em torno de R$ 1,70 por dólar.
"Acreditamos que o governo tentará conter a valorização [queda do dólar], mas não conseguirá evitá-la totalmente", avaliou a CNI. Por conta do dólar baixo, a CNI acredita que o superávit da balança comercial brasileira, que já está superior a US$ 23 bilhões na parcial deste ano, deverá recuar para US$ 13 bilhões em 2010.
Segundo a entidade, as importações devem somar US$ 175 bilhões no ano que vem, enquanto que as vendas externas devem totalizar US$ 188 bilhões. Inflação e juros Para a entidade, a queda do dólar, e os efeitos da fraca demanda externa sobre os preços internacionais, proporcionarão um cenário de estabilidade da inflação em 2010. Segundo a CNI, a inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), deve terminar o ano de 2010 em 4,7%, ou seja, um pouco acima da meta de inflação determinada pelo governo de 4,5%.
"Mesmo com o aumento nos preços dos alimentos, a elevação cotnrolada de outros componentes do IPCA deverá mamtê-lo próximo da meta de inflação em 2010. Com o cenário de inflação controlada, não há necessidade de que a taxa básica de juros volte a subir", avaliou a CNI. Atualmente, os juros básicos estão em 8,75% ao ano. Ao contrário da CNI, o mercado financeiro acredita que a taxa subirá em 2010, atingindo 10,63% ao ano no fim do ano que vem.
Para a Confederação Nacional da Indústria, se a taxa for mantida em 8,75% ao ano em 2010, os juros reais (após o abatimento da inflação) terminariam o próximo ano em 4,3% ao ano - menor do que em 2009. Contas públicas devem melhorar A CNI avaliou ainda que as contas públicas, após deterioração em 2009 por conta do crescimento de R$ 46 bilhões nas despesas (até outubro), com queda da arrecadação, devem ter melhora em 2010.
"O projeto de lei orçamentária prevê aumento real de 6% para as despesas primárias em 2010, aumento que seria compensado pela expansão superior a 10% na receita líquida", explicou. Para 2010, a CNI prevê que o superávit primário (economia feita para pagar juros da dívida pública) fique em 2,6% do PIB, ou R$ 86,9 bilhões.
Abaixo, portanto, da meta oficial de 3,3% do PIB estipulada para o próximo ano. A entidade acredita que o governo, assim como o previsto para 2009, voltará a abater parte dos investimentos (0,7% do PIB) da meta de superávit primário no ano que vem.