O nível de atividade econômica do país registrou retração de 0,33% em julho, o primeiro mês do terceiro trimestre, segundo revelou nesta sexta-feira (13) o Banco Central. A comparação foi feita com ajuste sazonal.
Esta foi a terceira queda mensal do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que é considerado uma espécie de "prévia" do PIB, neste ano. Em fevereiro, o indicador já havia recuado 0,39% e, em maio, havia caído 1,48% (dados revisados).
No acumulado de janeiro a julho deste ano, ainda de acordo com dados da autoridade monetária, a prévia do PIB registrou alta de 2,97%. Neste caso, a comparação foi feita sem ajuste sazonal - considerada mais apropriada por especialistas.
Segundo o boletim Focus do Banco Central, divulgado nesta segunda-feira (9), o mercado financeiro subiu sua expectativa de alta para o PIB, em 2013, de 2,32% para 2,35%. Para o ano que vem, a estimativa de expansão econômica recuou de 2,30% para 2,28%.
Resultados do IBC-Br X PIB
O IBC-Br foi criado para tentar ser um "antecedente" do PIB. O índice do BC incorpora estimativas para a agropecuária, indústria e setor de serviços, além dos impostos. Os últimos resultados do IBC-Br, porém, não têm mostrado proximidade com os dados oficiais do Produto Interno Bruto, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado do IBC-Br de 2012, por exemplo, mostrou um crescimento de 1,6%. Posteriormente, o resultado oficial do PIB mostrou uma alta menor, de 0,9% no ano passado. No primeiro trimestre deste ano, o mesmo aconteceu. Enquanto o IBC-Br registrou uma expansão de cerca de 1,1% sobre os três últimos meses de 2012, o PIB veio menor: com um crescimento de 0,6%. No segundo trimestre deste ano, o IBC-Br avançou 0,89%, enquanto o PIB cresceu bem mais: 1,5%.
Em dezembro do ano passado, o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton, disse que o IBC-Br não seria uma medida de PIB, mesmo que tenha sido criado para tentar antecipar o resultado, mas apenas "um indicador útil" para o BC e para o setor privado. "Se o IBC-Br acertasse na mosca é que seria surpreendente", afirmou ele na ocasião.
Desempenho da economia
O fraco desempenho da economia registrado em 2012, e uma recuperação menor do que o esperado neste ano, está relacionado, segundo economistas, com a desaceleração da economia mundial, reflexo da crise financeira, além da baixa confiança do empresariado, do alto nível de endividamento das famílias e do crescimento menor do emprego formal.
O atual cenário acontece apesar de várias medidas anunciadas pelo governo no decorrer do ano passado, como a redução do IPI para linha branca e automóveis, do aumento do dólar e da redução em mais de R$ 100 bilhões dos chamados depósitos compulsórios. O governo também reduziu, no ano passado, o IOF para empréstimos tomados pelas pessoas físicas e deu prosseguimento à desoneração da folha de pagamentos, entre outras medidas.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, que estimava uma expansão da economia acima de 4% para este ano no fim de 2012, revisou seus números para o PIB deste ano para um crescimento de 2,5%. O BC projeta 2,7% de expansão, mas este número pode ser revisto no fim deste mês.
Definição dos juros
O IBC-Br é uma das ferramentas utilizadas pelo Banco Central para definir a taxa básica de juros do país. Com crescimento menor da economia, por exemplo, teoricamente haveria menos pressões inflacionárias. Atualmente, os juros básicos estão em 9% ao ano após quatro elevações em 2013.
Pelo sistema de metas de inflação, que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas. Para 2013, 2014 e 2015, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.
A expectativa do mercado financeiro é de que os juros continuem subindo neste ano e terminem 2013 em 9,75% ao ano. Segundo analistas, a política de gastos públicos em alta, com um corte menor de gastos neste ano no orçamento por parte do governo federal, além da disparada do dólar, contribuem para pressionar a inflação.