Segundo estimativas da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), as vendas no comércio varejista brasileiro para o próximo Dia dos Namorados (12 de junho) devem totalizar cerca de R$ 2,54 bilhões, descontando a inflação. Se essa expectativa se confirmar, haverá uma queda de 2,2% em relação a 2022. Essa data é a sexta mais importante para o varejo em termos de movimentação financeira.
Devido às condições de consumo fracas neste primeiro semestre, espera-se que a movimentação financeira fique em níveis semelhantes aos de 2019, quando as vendas totalizaram R$ 2,53 bilhões. Em 2020, no primeiro ano da pandemia de covid-19, houve uma queda histórica de 18,9% em comparação com o ano anterior, e a recuperação completa só ocorreu em 2022, com um aumento de 28,4% nas vendas.
Apesar do cenário macroeconômico desfavorável, o fato de as vendas do varejo se manterem no mesmo patamar anterior à pandemia é algo a ser comemorado, segundo o presidente da CNC, José Roberto Tadros. São Paulo (R$ 849 milhões), Rio Grande do Sul (R$ 250 milhões) e Minas Gerais (R$ 232 milhões) serão responsáveis por mais da metade (52%) da movimentação financeira nacional.
O economista da CNC, Fabio Bentes, explica que a previsão de queda nas vendas em relação ao ano passado é resultado de vários fatores. O alto endividamento e a inadimplência das famílias brasileiras refletem a situação de juros altos e inflação resistente, o que prejudica o poder de compra. Apesar da desaceleração da inflação nos últimos meses, os juros estão no maior nível dos últimos cinco anos, atingindo 59,6%, segundo o indicador do Banco Central. Além disso, 29,7% da renda das famílias está comprometida com o pagamento de dívidas, de acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada pela CNC.
No Dia dos Namorados, as roupas e os calçados serão os presentes preferidos. Esse segmento deverá movimentar R$ 1 bilhão, o que corresponde a 41% do total. No entanto, espera-se uma queda de 6,4% em relação ao ano passado. Em segundo lugar, com 31% das vendas, está o segmento de utilidades domésticas e eletroeletrônicos, com vendas previstas em torno de R$ 782 milhões, uma redução de 4,2% em comparação ao ano anterior.
Por outro lado, as vendas de itens de farmácia, perfumaria e cosméticos devem crescer 2,3%, mas representarão pouco mais de 10% do total das vendas. Devido a problemas de oferta, os preços dos produtos e serviços relacionados à data devem subir em média 8,7%, menos do que no ano passado, quando o aumento foi de 10,5%.