A produção industrial brasileira recuou 2,5% em fevereiro, o pior resultado mensal em pouco mais de quatro anos, afetada pelo mau desempenho do setor de bens de consumo e colocando em risco a recuperação da atividade econômica do país.
Na comparação com o ano anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (2), a produção industrial diminuiu 3,2%. Em ambos os casos, os resultados vieram piores do que o esperado pelo mercado e, na comparação com janeiro, foi o pior resultado mensal desde dezembro de 2008, quando a produção teve contração de 12,2%.
O desempenho de fevereiro acabou praticamente anulando o resultado de janeiro, quando havia mostrado expansão de 2,6%, número revisado nesta terça-feira pelo IBGE ante crescimento de 2,5% divulgado anteriormente.
Segundo o IBGE, apenas a categoria Bens de Capital --ligados aos investimentos -- apresentou expansão mensal em fevereiro, de 1,6% sobre janeiro.
O pior resultado veio de Bens de consumo, com queda de 4,2% no período, com destaque para os bens duráveis, com retração de 6,8%. Já os bens semiduráveis e não duráveis recuaram 2,1% sobre o mês anterior.
A categoria Bens intermediários, ainda segundo o IBGE, apresentou queda de 1,3% em fevereiro, sobre janeiro.
Governo tenta adotar medidas de estímulo
Desde o ano passado, o governo vem adotando medidas de estímulo para incentivar a indústria. No final de semana passado, o Ministério da Fazenda anunciou a prorrogação até 31 de dezembro das atuais e menores alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis e caminhões, que deveriam subir a partir de 1º de abril.
Em fevereiro, destacou o IBGE nesta terça-feira, houve queda mensal de 9,1% na produção do setor de veículos automotores, eliminando o avanço de 6,2% verificado em janeiro último.
Sinais de que a retomada da indústria não seria tão forte neste início de ano já haviam surgido. O Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) do setor, divulgado na segunda-feira, mostrou que a expansão do setor foi a mais fraca em três meses em março.