
A queda da inflação na Argentina observada nos últimos meses foi impulsionada pela retração da atividade econômica do país, que deve encerrar o ano passado com uma recessão entre 3% e 4% do Produto Interno Bruto (PIB). Em abril de 2023, a inflação atingiu 289%, enquanto em janeiro de 2025 o índice caiu para 84% (ambos em base anual).
análise econômica profissional
Essa análise é do economista Paulo Gala, especialista-chefe do Banco Master e professor de cursos sobre a economia de diversos países, incluindo a Argentina. Ele destaca que a recessão foi intensificada pelo corte "brutal" de gastos públicos implementado pelo governo do ultraliberal Javier Milei, que atualmente está envolvido no escândalo conhecido como Cripto Gate.
A grande explicação para a queda da inflação na Argentina está na queda do PIB. Ou seja, a economia mergulhou em recessão e a consequência disso é a queda da inflação porque você tem uma economia que para de funcionar e se contrai. Não temos ainda o dado consolidado do PIB, mas ele deve cair de 3% a 4% no ano passado. É o completo oposto do Brasil, que deve ter crescido 3,5%.
ajuste fiscal
Paulo Gala ressalta que o ajuste fiscal implementado pelo governo argentino, que incluiu a suspensão de obras públicas, demissões de funcionários, cortes nos repasses para as províncias e redução de gastos com educação, entre outras medidas, transformou a Argentina no país com o maior superávit fiscal da América Latina.
O que Milei está fazendo na Argentina é o que a gente chama de um choque clássico de contração de gasto público. Ele segurou os gastos ao máximo, fez um ajuste fiscal gigante, muito duro. A consequência é uma desaceleração econômica muito grande.
situação grave
Para o especialista, apesar da melhoria dos indicadores econômicos a partir do final do ano passado, a situação ainda é gravíssima.
Ainda é um caso de UTI. O ano passado foi um ano muito difícil. Então, dificilmente 2025 vai ser pior do que o ano passado. Agora, a dúvida é quão robusta e sustentável vai ser essa recuperação. A inflação ainda é muito alta, próxima de 100%. O desemprego também está muito elevado.
A produção industrial da Argentina apresentou uma queda de -9,4% no acumulado de 2024. Apesar do resultado negativo, essa taxa é menos expressiva que a registrada em abril de 2024, quando o setor industrial teve uma retração de -15,4% em base anual. Os dados foram divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística e Censos da Argentina (Indec).
Enquanto isso, o presidente Javier Milei tem afirmado que a economia está em "franca recuperação", atribuindo como um dos principais méritos de sua gestão a redução da inflação e o corte significativo das despesas públicas.
Informações de Agência Brasil