Os preços dos fogões e dos móveis --itens beneficiados pelo IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) menor-- subiram mais do que a inflação oficial, medida pelo IPCA, nos últimos 12 meses.
No caso do fogão, que, atualmente, está com alíquota do imposto em 3% --o original era 4%-- houve aumento de preços, de 7,28%, nos últimos 12 meses terminados em agosto. No mesmo período, o IPCA fechou em 6,09%, segundo o IBGE.
Para os móveis, que está com imposto de 3%, abaixo dos 5% praticado antes dos cortes, a elevação foi ainda maior, de 9,01% no mesmo período.
De acordo com o economista Samy Dana, da FGV, o aumento do dólar pode ter impacto nos preços. "Boa parte da matéria-prima é importada e os fabricantes podem ter repassado a alta aos consumidores", afirma. Nos eletrodomésticos, o volume de material importado chega a 30% do total.
Outra explicação, de acordo com o economista, é a demanda do setor. "Por um tempo, o consumidor até pode evitar a compra de um fogão. Mas, em um determinado momento, a troca passa a ser inevitável e, por mais que o preço aumente, ele é obrigado a adquirir um novo aparelho. Os revendedores podem estar aproveitando um desses ciclos de consumo para cobrar mais", explica Dana.
INFLAÇÃO GENERALIZADA
Se por um lado a redução do IPI ajuda a indústria, há diversos fatores que puxam os preços para cima. O economista da ACSP (Associação Comercial de São Paulo) Marcel Solimeo explica que vivemos um momento de inflação generalizada, o que invariavelmente pressiona os custos.
"Se não tivéssemos a redução do IPI, o aumento teria sido muito maior. Todos os custos continuam subindo de forma geral", diz.
É preciso considerar que o custo da mão-de-obra e das matérias-primas subiram nos últimos meses, e só o corte do IPI não seria suficiente para permitir queda de preços.
FIM DO IPI REDUZIDO
No final de setembro termina a prorrogação escalonada do IPI para os produtos da linha branca (fogão, geladeira e máquina de lavar) e móveis. O repasse para os consumidores dependerá de alguns fatores, como os estoques.
"Vai depender de como estão os estoques no varejo e na indústria. Acredito que eles vão tentar segurar o máximo [o aumento de preços]".
"O nosso comércio tem uma concorrência muito forte. Não dá para ficar aumentando. Quando há aumento de preços é porque os custos estão realmente pressionado"