Em vez de abrir o cardápio e chamar o garçom para fazer o pedido, os clientes do restaurante japonês Kazumi, na capital paulista, pedem os pratos diretamente por tablets em suas mesas.
O pedido é enviado diretamente para a cozinha e não é necessário que o garçom tome nota. Segundo o sócio do estabelecimento Edivaldo Aparecido dos Santos, 39, desde que o sistema foi adotado ?há dois meses?, o tempo de espera dos clientes caiu pela metade.
"No tablet, conseguimos colocar mais fotos e informações sobre os pratos. O cliente não precisa esperar pelo garçom e perguntar o que vem no pedido", afirma.
Para quem não tem afinidade com o equipamento, os funcionários auxiliam na realização do pedido. Ainda assim, se o cliente não se sentir à vontade, ele pode solicitar o cardápio tradicional.
Tecnologia supre falta de mão de obra
O empresário diz que instalou os aparelhos devido à dificuldade em encontrar profissionais que conhecessem a culinária japonesa.
Com os equipamentos, ele conseguiu reduzir o quadro de funcionários. "Antes, precisava de sete garçons. Hoje, quatro dão conta do trabalho."
Ao todo foram comprados 25 tablets, um para cada mesa. O valor do investimento na aquisição dos equipamentos não foi divulgado.
No entanto, o preço de um iPad (referência de mercado) no site da Apple no Brasil varia de R$ 1.749 a R$ 2.499, dependendo da configuração.
Dez aparelhos como esse, por exemplo, custariam a um empresário um investimento entre R$ 17,4 mil e R$ 24,9 mil.
Tablets são tendência nos restaurantes
Para o presidente da Abrasel-SP (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em São Paulo), Joaquim Saraiva, os cardápios digitais são uma tendência no país.
Na Europa e nos Estados Unidos já é mais comum estabelecimentos utilizarem tablets para fazer o pedido.
Além de agilizar o atendimento, a tecnologia também pode reduzir os custos com a impressão de cardápios no longo prazo, segundo Saraiva. No entanto, o preço do equipamento no Brasil ainda é caro, o que dificulta a compra.
"Está vindo uma geração de clientes que é extremamente ligada à tecnologia e não tem nenhuma dificuldade em trabalhar com a modernidade. O cardápio digital vai passar a ser uma preferência deles", diz.
Cardápio tradicional deve ser mantido
Mesmo que o empresário opte por utilizar tablets nas mesas, o presidente da Abrasel-SP afirma que o cardápio convencional não deve ser abolido.
De acordo com ele, ainda existem clientes tradicionais, pouco familiarizados com a tecnologia, que preferem o cardápio de papel.
"Essa transição ainda vai demorar um pouco. Por enquanto, os restaurantes devem manter os dois formatos, com os tablets na frente e a opção do cardápio normal, caso o cliente prefira."
Saraiva estima que em três anos grande parte dos restaurantes brasileiros estará utilizando tablets, principalmente os novos, que já virão com esta proposta.
Garçons e tablets podem coexistir
Segundo o gerente jurídico do Sinthoresp (Sindicato dos Trabalhadores em Hospedagem e Gastronomia de São Paulo e Região), Antonio Carlos Nobre Lacerda, a implantação do atendimento com tablets não significa que os garçons perderão seus empregos.
A tecnologia apenas substitui parte do trabalho desses profissionais. "Um tablet não recebe o cliente e nem arruma a mesa. O bom atendimento continuará a ser um diferencial", afirma.
Para Lacerda, a tecnologia tem o objetivo de facilitar o trabalho e proporcionar comodidade aos clientes. Ela não deve ser utilizada para reduzir a mão de obra.
"Não se pode negar a presença da tecnologia nos dias de hoje. Implantar um sistema como estes necessita de planejamento", diz.