O déficit em transações correntes, um dos principais indicadores do setor externo, subiu 95,5% em 2010, para US$ 47,5 bilhões e, com isso, bateu novo recorde histórico, segundo números divulgados nesta terça-feira (25) pelo Banco Central. O déficit em conta corrente é o resultado negativo da conta da balança comercial (exportações menos importações), serviços e rendas.
A série histórica da autoridade monetária das contas externas começa em 1947. Até o momento, o maior déficit em conta corrente havia sido registrado em 1998 (-US$ 33,4 bilhões), de acordo com a instituição.
O ano passado também foi o terceiro seguido de resultado negativo na conta de transações correntes. Em 2008 e 2009, respectivamente, o déficit somou US$ 28,19 bilhões e US$ 24,3 bilhões.
Expansão e dólar fraco
A principal explicação para a deterioração das contas externas brasileiras em 2010 foi o crescimento da economia nacional, estimado em mais de 7,5% por analistas, aliado ao dólar baixo. Tais fatores elevaram o volume de remessas de lucros e dividendos, além das importações que também cresceram - o que baixou o saldo comercial para o pior resultado em oito anos.
Ao mesmo tempo, também contribuíram para o resultado negativo o crescimento do emprego e da renda e a moeda norte-americana desvalorizada, que impulsionaram um recorde nos gastos com viagens ao exterior.
Na proporção com o PIB, porém, o BC informou que o resultado negativo em transações correntes do ano passado foi de 2,28%, o maior valor desde 2001 (-4,19% do PIB).
Mesmo com a economia crescendo menos, mas com a manutenção de um patamar baixo para o dólar, o que gera piores condições de competitividade para as empresas brasileiras, a previsão do Banco Central é de uma nova piora das contas externas em 2011.
A estimativa da autoridade monetária é de um déficit em transações correntes de US$ 64 bilhões neste ano, o que representará, se confirmado, novo recorde histórico. Na proporção com o PIB, a previsão do BC para o resultado negativo deste ano é de 2,85%.