Fazer sobrar algum dinheiro no fim do mês para iniciar ou manter um investimento --como em poupança, fundos, ou ações-- pode não ser tão difícil quanto parece.
Mesmo que se considere o salário apertado para as despesas do mês, com metas estabelecidas e disciplina qualquer pessoa pode ser transformar em um poupador bem-sucedido, afirmam especialistas. Bastam força de vontade e organização.
Nesse processo, a primeiro medida é fazer um orçamento familiar básico, anotando todos os gastos e renda da família em cada mês e cortando despesas que não sejam essenciais.
As dicas incluem especificar quais são as despesas indispensáveis à família (como com aluguel, luz, impostos), determinar quais são os sonhos a serem alcançados no curto prazo (um ano), no médio prazo (até dez anos) e no longo prazo (mais de dez anos --inclui aposentadoria), e se programar para cortar gastos para poupar.
Reinaldo Domingos, educador financeiro, destaca que, para quem está endividado, quitar os débitos deve fazer parte da lista de sonhos, e que é importante retirar o dinheiro para realizar os sonhos listados assim que o salário chegar.
REVISÕES PERIÓDICAS
Depois de colocar o orçamento em prática, é importante que o investidor não deixe de revisar, pelo menos uma vez por ano, os tópicos elencados, para ver se ainda estão de acordo com as necessidades da família. A chegada de um filho ou a perda de um emprego podem exigir ajustes na lista de prioridades e nas metas de investimento.
Para quem já conseguiu organizar as contas, pagar as dívidas e juntar algum dinheiro por mês para aplicar, a dica é também rever constantemente os investimentos --mesmo que o foco seja o longo prazo--, para avaliar como andam os rendimentos e se é preciso fazer algum ajuste de estratégias ou metas financeiras.
Especialistas consultados orientam que essa revisão seja feita a cada três meses no caso de aplicações administradas pelo próprio investidor (como em ações, na Bolsa).
"Para investimentos feitos por gestores de recursos ou seguradoras [como planos de previdência privada], há profissionais que se encarregam desse acompanhamento. Mas é preciso lembrar que o custo disso é maior", diz Mauro Calil, educador financeiro.
De qualquer forma, o contato periódico com os profissionais contratados para administrar as aplicações é importante, pois é o investidor o dono do dinheiro.
CORRETORAS E TAXAS
As taxas cobradas por corretoras para pessoas físicas que investem em ações geralmente vão de 0,3% a 2% do valor da transação, mas podem ser menores, ser um valor fixo ou até deixar de ser cobradas, conforme negociação entre cliente e corretora.
Já na previdência privada, as taxas de administração variam de acordo com o tipo, o período e os valores do plano escolhido.
Essas taxas, que incidem sobre todo o dinheiro poupado, inclusive a rentabilidade, ficam entre 2,5% ao ano e 0,8% ao ano.
"Mas, se o investidor não tem tempo nem disposição para acompanhar o mercado e suas aplicações financeiras, é preferível que ele pague por uma gestão profissional", diz Erasmo Vieira, da Planilhar.
RESERVA DE EMERGÊNCIA
Ainda de acordo com os consultores, a construção do patrimônio de longo prazo deve prever, antes de mais nada, uma "reserva de emergência".
O valor dessa espécie de "colchão" vai depender das necessidades e do perfil de cada família, mas especialistas ouvidos recomendam o equivalente a 12 meses de gastos familiares em aplicações de renda fixa, como em títulos públicos.