Vivem hoje no Brasil mais de 38 milhões de crianças. Elas movimentam negócios segmentados. Empresários apostam na vaidade infantil e faturam com os salões de beleza.
A empresária Joice Amaral investiu em um espaço na zona leste de São Paulo. Ela juntou técnica com lazer. O pequenos cortam cabelos e se divertem. O investimento inicial foi de R$ 150 mil. Tudo é colorido para atrair a clientela de dois a 12 anos. Tem piscina de bolinha, escorregador e uma grande variedade de brinquedos que garantem a distração da criançada.
?As meninas em um camarim, que é um lugar mais fashion. E os meninos com videogames, numa outra sala?, revela a empresária. O preço do corte é único: R$ 45. Inclui também a lavagem e o atendimento especial.
Para lidar com os pequenos e exigentes clientes, os profissionais precisam de muita paciência e jogo de cintura. Os pedidos são variados e imprevisíveis. ?Não têm nem tamanho, mas já têm opinião própria. Pedem cabelo colorido, moicano?, diz o cabeleireiro Flávio dos Santos Matos.
Joice pensou em todos os mimos para atrair a garotada. Se os meninos gostam de videogame, as meninas têm atendimento personalizado. Os caprichos são variáveis e mexem com a vaidade e o imaginário da exigente clientela. ?Nós temos um público mensal de 1.300 a 1.400 crianças?, revela.
E tudo isso rende ao salão um faturamento de cerca de R$ 70 mil por mês.
Outro salão de beleza infantil funciona em Santo André, na Grande São Paulo. Os empresários Telma e Luciano Bacchelli investiram R$ 150 mil para montar o espaço, há 3 anos. Eles mandaram produzir todo equipamento na medida certa para as crianças.
?Então, nós tivemos que desenvolver fornecedores para isso. A ideia era trazer tudo de novo, fazer tudo do zero. Essa foi a maior dificuldade. E profissional também que é uma coisa que você tem que trazer do setor do adulto, tem que treiná-lo, adaptá-lo para a criança, que é outra exigência, outra necessidade?, diz Bacchelli.
No salão, trabalham cinco funcionários. Todos passaram por treinamento para atender a criançada. São manicures, cabeleireiros e monitores que acompanham as crianças o tempo inteiro.
Nem parece que as pessoas estão num salão de beleza, por conta da decoração temática, que parece um espaço de recreação infantil. Em um ambiente, o espelho fica no tronco de uma árvore. As luminárias são bichinhos da floresta. Tudo para que a criança não perceba o que realmente foi cortar os cabelos.
A proposta é deixar o cliente à vontade, o que facilita o trabalho dos profissionais. O cabeleireiro é conhecido no salão e sabe bem como lidar com os pequenos. A brincadeira é a principal ferramenta dele. ?Basta ter as técnicas, a linguagem e amor pelas crianças?, revela José Dourado.
A pequena Lívia, de 3 anos, adora ir ao salão, ela se diverte. ?Para cortar o cabelo, era uma dificuldade mesmo. Quando eu descobri o salão, para mim foi uma realização, porque eu consigo hidratar o cabelo, cortar. (...) Para ela é uma brincadeira?, diz Débora Macedo, a mãe de Lívia.
Lorena é outra cliente, que vai ao salão para fazer as unhas. Vaidosa, ela escolhe as cores. ?É rosa com brilho, roxo, preto, branco e vermelho?, diz a pequena de cinco anos.
Outro diferencial do salão é o bazar. São vendidos cosméticos, fantasias e acessórios. Tudo para deixar a garotada na moda. ?Cada vez mais as crianças escolhem o que elas querem.
Desde o esmalte, do xampu, do que vai fazer no cabelo. Então, às vezes, as crianças dizem ?tia, eu quero o cabelo do Neymar, tia eu quero o cabelo do Justin?. Ou as meninas trazem os penteados, trazem as amigas, ?vamos fazer o aniversário aqui??, afirma Telma.
O faturamento anual do salão é de R$ 300 mil. E os empresários querem crescer cerca de 7% este ano. O segredo é oferecer cada vez mais atrativos e novidades para os pequenos.
?O setor específico de serviço para criança tem crescido muito porque a criança já sabe o que quer, já sabe escolher e é importante você se situar e ela saber que você existe para ela poder escolher você?, diz o empresário.