A Superintendência de Seguros Privados (Susep), órgão responsável pelo controle e fiscalização do mercado de seguro entre outros, atualmente trabalha na proposta para criar o chamado "seguro popular" de veículos. Segundo especialistas, a nova modalidade direcionada para carros com pelo menos três anos de uso pode baratear o seguro entre 30% e 35%, atraindo mais clientes das classes C e D.
O projeto pretende ampliar a base de carros segurados no Brasil, que atualmente está em 17 milhões, ante uma frota de cerca de 35 milhões. Além disso, deve combater também o crescimento de associações e cooperativas de ?proteção veicular?, nas quais um grupo de pessoas se junta para oferecer suporte em caso de acidente ou roubo, mediante a uma contribuição.
"O objetivo é votá-lo e aprová-lo no segundo semestre deste ano, mas o grupo de trabalho ainda está na fase de elaboração técnica da proposta", afirmou o órgão do governo ao Terra. Se for aprovado, o "seguro popular" de veículos deve ficar disponível somente no final do ano ou começo de 2014, já que as seguradoras devem levar de três a quatro meses para se adaptar e oferecer o novo serviço, de acordo com Nilton Dias, diretor comercial da Seguralta.
O preço menor será possível graças a mudanças nas regras para as seguradoras. ?O seguro popular terá coberturas mais restritas e regras específicas de reparação, que podem incluir a utilização de peças usadas em casos de colisão, afirmou Dias. Atualmente, as seguradoras são teoricamente obrigadas a utilizarem apenas peças novas nos consertos, embora sindicatos do setor já tenham denunciado empresas que reduzem os custos por esta via sem informar o cliente. O reuso de peças deve ser o ponto mais polêmico da proposta.
Na prática, o projeto do "seguro popular" deve permitir que o cliente escolha pelo tipo de proteção que deseja, seja apenas uma cobertura contra roubo, ou apenas acidente, de acordo com seu perfil. "A expectativa é que atinja a população que atualmente não tem possibilidades de contratar seguro para seus veículos em função do custo e do seu poder aquisitivo", disse Dias.
Outra diferença será no modo de comercialização. Segundo Renato Spadafora, COO da Segurar.com, a modalidade poderá ter correspondentes de microsseguro especialmente treinados para vender essa espécie de seguro. Spadafora acredita que deverá ocorrer uma pequena migração de atuais clientes para a nova modalidade. "Talvez isso venha a ocorrer com o tempo, na medida em que as apólices cheguem ao fim de sua vigência e que a oferta de microsseguros seja adequada para atender as demandas dos clientes. Mas nada será alterado durante a vigência dos contratos", afirmou.
Ele ainda ressalta que, seja "popular" ou "tradicional", o consumidor deve em primeiro lugar entender as coberturas que está adquirindo, as exclusões (ou seja, as situações em que, independentemente de ter havido perdas, não haverá cobertura) e verificar se suas necessidades estão sendo atendidas pelo seguro a ser contratado.