Sem incentivos, indústria do Brasil perde espaço para concorrentes

Peso do Brasil no setor entre emergentes recuou de 8% em 2000 para 5,4% em 2009, segundo agência da ONU

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Apesar de ter crescido na última década, a indústria brasileira perdeu espaço não só para a chinesa mas também para a de outros países. O peso do Brasil na indústria de países emergentes recuou de 8% em 2000 para 5,4% em 2009, de acordo com a Onudi (Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial).

Quando a China é retirada do cálculo, a participação do Brasil encolheu menos, mas ainda assim caiu de 11,75% para 10,15% no período. A estimativa considera a riqueza gerada pela indústria manufatureira, excluindo da conta o setor extrativo, como de petróleo e minério. Outros países como Índia, Peru e Egito cresceram sua participação na indústria emergente (dentro do cálculo que exclui a China).

O mesmo aconteceu em outras nações do leste asiático, como Indonésia, Vietnã e Tailândia, que vêm atraindo empresas de setores tradicionais como têxtil e calçados da China, onde o custo da mão de obra está em alta.

Esses dados revelam que a indústria brasileira tem crescido em ritmo menor do que em outros países emergentes. Por outo lado, como o setor cresce menos nos países desenvolvidos, o Brasil manteve estável sua fatia na indústria mundial, em 1,7%.

O economista Júlio Gomes de Almeida, do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), observa que esse patamar mantém a indústria brasileira entre as maiores do mundo. Para ele, contudo, a estagnação indica que "o Brasil não está usando a indústria para acelerar seu desenvolvimento".

Segundo a Onudi, setores não manufatureiros, como serviços e comércio, cresceram mais que a indústria no Brasil de 2005 a 2009.

Almeida defende que o governo busque um câmbio menos valorizado para dar mais competitividade à manufatura nacional, já que o dólar fraco barateia os importados. "A indústria é muito importante porque é capaz de gerar uma multiplicação do seu dinamismo", afirma.

O economista da USP Carlos Eduardo Gonçalves, por sua vez, considera normal que a indústria cresça menos e perca espaço na economia.

Ele observa que a industrialização do Brasil ocorreu com mais força nos anos 70 e que agora o país trilha o caminho dos países desenvolvidos, onde o setor de serviços ganha mais relevância.

Na sua opinião, o governo deve priorizar medidas que atinjam todos os setores, como redução de impostos e investimento em educação.

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