Setor automobilístico move R$ 1 em cada R$ 10 da economia

Número considera indústria e comércio; fatia do setor deve crescer para 12% do PIB

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O setor automotivo respondeu por mais de 10% de tudo o que o Brasil gerou de riquezas no ano passado. Considerando o comércio e a indústria em toda a cadeia produtiva, é como se os negócios envolvendo veículos (desde fornecedores de peças até as concessionárias, passando pelas montadoras) gerasse pouco mais de R$ 1 de cada R$ 10 movimentados por toda a economia brasileira.

Só na indústria, por exemplo, a área representa um quarto do que foi movimentado no ano passado. O faturamento girou em torno dos R$ 130 bilhões (US$ 79 bilhões) e o valor gerado, tanto pelas fabricantes quanto pelas empresas de autopeças, ficou perto de 5% do PIB (Produto Interno Bruto), ou seja, da soma de tudo o que foi produzido de riquezas no país.

Funciona assim: o PIB brasileiro leva em conta tudo o que a economia move na produção industrial, na atividade do comércio, na oferta de serviços, na agropecuária e na arrecadação de impostos, entre outras atividades. No ano passado, o PIB ficou em R$ 3,143 trilhões.

Se os valores astronômicos fossem transformados em números mais simbólicos, daria para dizer que, se o PIB fosse de R$ 10, a indústria, sozinha, contribuiria com R$ 2. Para efeito de comparação, os serviços respresentariam pouco mais de R$ 5 e a agricultura, cerca de R$ 0,50.

Assim, desses R$ 2 de tudo o que a indústria gerou em riquezas, quase R$ 0,40 foi só da indústria automotiva. Para fechar a conta, é como se o comércio relacionado à negociação do que foi feito por essa indústria gerassem os outros R$ 0,60 ? somando R$ 1 em cada R$ 10.

Para Sergio Reze, presidente da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), o setor automotivo é um dos motores das economias ao redor do mundo. Ajudam a gerar esses números as 26 fábricas de 16 montadoras no país, as 500 empresas de peças e as mais de 5.900 concessionárias.

- Neste ano, devemos responder por mais de 12% de toda a produção da economia (considerando indústria, peças e lojas, entre outros indicadores). Na época da crise, deu para ver que o governo investiu no setor automobilístico, porque a resposta [para a recuperação econômica do país] seria imediata e muito forte.

Quarta potência motorizada

Dados da Jato Dynamics do Brasil, consultoria especializada nesta área, mostram que o Brasil já se tornou o quarto maior mercado mundial de veículos, ultrapassando a Alemanha em número de unidades vendidas. De janeiro a agosto, foram 2,077 milhões daqui, contra 2,027 milhões de lá.

Isso ajuda a dar uma ideia da importância do mercado brasileiro frente a outros países.

- O Brasil está inserido dentro da economia do automóvel e esta é uma área que movimenta o mundo. Basta olhar como a China e a Índia dão importância [aos carros]. Todas as grandes economias têm uma forte indústria do automóvel.

A Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) analisa que, em 2002, o Brasil era só o décimo mercado mundial, superado por EUA, Inglaterra, China, Espanha, Canadá, Coreia do Sul, França, Rússia e Itália. Hoje, só perde para EUA, China e Japão.

O próprio desempenho dos negócios da indústria automotiva tem sido maior do que o crescimento do PIB brasileiro há vários anos. A taxa de aumento do PIB brasileiro foi negativa em 2009 (-0,2%) e aumentou 5,1%, em 2008, e 5,7%, em 2007.

Só o setor automotivo, por sua vez, cresceu a taxas de 14,2%, em 2008, e 29,6%, em 2007 ? só caiu em 2009 (-0,1%), devido à crise financeira internacional.

Isso significa que, se a indústria de veículos e de autopeças fosse um país, teria velocidade de crescimento muito maior do que a dos chineses. Vale citar que, se a indústria automotiva chinesa fosse um país, seria uma verdadeira potência: o PIB chinês cresceu 8,7% em 2009, enquanto seu mercado automobilístico avançou 51,6% no mesmo período.

Produção e vendas serão recordes

A previsão para este ano é de que o setor encerre o ano com a produção acima de 3,4 milhões de carros e comerciais leves. O presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Cledorvino Belini, já falava em julho sobre os recordes estimados para 2010.

- Esperamos que o mercado feche neste ano com uma produção de mais 3,4 milhões de unidades, o que seria um recorde histórico.

Pelo último balanço geral do setor, feito pela Anfavea, a indústria brasileira teria capacidade para fabricar mais de 4,3 milhões de veículos e comerciais leves, mas só fez 3,18 milhões no ano passado. Para Reze, da Fenabrave, os dados são otimistas.

- Daqui para frente, acho que vamos bater recordes todos os anos. O mercado brasileiro é enorme, mas temos um grande potencial. Temos em torno de 50 milhões a 60 milhões de veículos em nossa frota, enquanto os EUA têm 250 milhões.

Ele diz que a diferença entre os dois mercados, por exemplo, é uma mera questão de espaço para crescer. Nos EUA, quase todo o setor já cresce como substituição ? ou seja, atualizam a frota.

- O mercado brasileiro é de expansão. EUA, Europa e Japão já têm um mercado grande e uma frota feita. A índia, a China e o Brasil têm um mercado muito grande e que agora começa a crescer sem parar.

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