Empresários e sindicalistas do setor automobilístico vão propor ao governo federal a criação de um sistema nacional de proteção ao emprego, de acordo com informações do jornal "O Estado de S. Paulo", divulgadas nesta terça-feira (22).
Segundo a reportagem, a proposta é adotar um modelo semelhante ao da Alemanha, no qual, em épocas de crise, os trabalhadores são afastados, mas não demitidos. Eles continuam vinculados à empresa e recebendo salários, com boa parte vinda de subsídios do governo.
A discussão vem em um momento delicado para a indústria, diante de uma ameaça de crise no setor automobilístico, vendas em queda tanto no mercado interno quanto externo, empresas dando férias coletivas e abrindo programas de demissão voluntária.
Atualmente, é usado um sistema de "lay-off", que é a suspensão temporária dos contratos de trabalho. Nesse mecanismo, o funcionário é afastado e parte dos salários é bancada pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), do Ministério do Trabalho, mas essa contribuição é limitada a cinco meses.
Pelo novo modelo em discussão, a dispensa teria duração de até dois anos, mas não seria integral. A jornada de trabalho seria reduzida em 20% a 50% e o governo arcaria com 60% a 80% do valor equivalente às horas reduzidas.
A diferença seria bancada pelas empresas, e, dessa forma, o trabalhador arcaria com parcela menor da redução.
A proposta de mudança já foi discutida durante o governo de Dilma Rousseff, em 2012, mas o debate foi abandonado, segundo o jornal, em parte porque naquele ano o mercado de carros registrou recorde de vendas.
Segundo o "Estado", cerca de 1.500 trabalhadores perderam emprego nas montadoras desde o início do ano. De cada vaga nas fábricas de veículos dependem, em média, entre três e cinco empregos no resto da cadeia produtiva.