Entre utilitários esportivos de marcas premium, já virou lugar-comum afirmar que determinado modelo une a valentia de um SUV ao conforto de um sedã de luxo. O jipão ML 350 CDI que acabamos de avaliar leva às últimas consequências essa máxima e vai além, pois é movido a diesel, para a descrença até de alguns frentistas que olharam incrédulos quando o repórter fotográfico Roberto Assunção foi abastecer.
Se a imagem que você tem de modelos diesel é de um veículo extremamente ruidoso e com algo nível de vibração, esqueça. Para ouvidos de especialistas, no extremo silêncio de uma garagem desabitada, tudo bem, percebe-se um barulho diferente. Mas nada a ver com os caminhões velhos que entopem as marginais paulistanas. O Classe M diesel também nisso se assemelha a um veículo de passeio.
Em sua segunda geração, o pioneiro modelo ? foi o primeiro SUV de luxo do mercado mundial ? ganhou traços mais elegantes e arrojados, sem perder a robustez que um off-road deve ter. Embora no documento da unidade cedida para teste conste que o veículo é preto, é um preto diferenciado, meio verde escuro, dependendo da incidência de luz solar sobre a carroceria.
Na dianteira os cromados estão presentes na grade que ostenta a estrela de três pontas e na proteção inferior. Ajudam a compor o visual os faróis de design ousado e as rodas de liga leve de 20 polegadas. Para ampliar a sensação de altura, o para-brisa teve sua inclinação acentuada. Compõe o conjunto o para-choque com linhas horizontais mais evidentes, de modo a aumentar a sensação de estabilidade.
Na traseira, além do cromado também presente na tampa do porta-malas, os destaques são os vidros azuis, as lanternas traseiras escuras iluminadas por LEDs, para-choque com refletor integrado, proteção inferior de aço (como na dianteira) e as saídas de escapamento duplas retangulares. De lado o modelo exibe uma silhueta esportiva graças principalmente à coluna traseira inclinada para a frente. Traz barra longitudinal de teto e, no retrovisor, luz de seta.
Apesar do porte avantajado (são 4,78 metros de comprimento, 2,13 m de largura e 2.185 kg!), o motor 3.0 V6 (seis cilindros em ?V?) de 224 cv (cavalos) não deixa a desejar. Sua aceleração de 0 a 100 km/h, segundo medições da fábrica, ocorre em 8,6 segundos, marca nada desprezível para um veículo desse tamanho.
Levado ao limite da velocidade, o ML 350 CDI chega a 215 km/h. Mas o grande trunfo é o torque (força) do motorzão diesel ? 52,08 kgfm já a apenas 1.600 rpm. Quer uma base de comparação? OK, é um torque mais de quatro vezes superior ao de um novo Fiat Uno 1.4. Interpress Motor o avaliou nas mais diferentes situações, tanto no trânsito pesado da cidade quanto em estradas, sobretudo em curvas de serra (as fotos que ilustram esta reportagem foram feitas no litoral sul paulista).
Escolher a posição ideal ao volante não é difícil. Os comandos dos bancos são elétricos e já viraram uma tradição na marca da estrela: é o desenho de um banco, em que as regulagens são instintivas. É possível memorizar três posições, caso o dono do carro o divida com outros dois motoristas. E há também regulagem lombar, um santo remédio para quem vive sentado e com dor nas costas.
Sem trancos, a transmissão 7G-Tronic proporciona extremo controle do modelo. Ainda mais se a opção for pelas trocas sequenciais pelas borboletas atrás do volante... Atenção, senhor motorista! Não procure a alavanca de câmbio entre os bancos. Ela fica posicionada em uma haste ligada à coluna de direção.
Fique ligado para não mexer por engano nela quando começar uma chuva. Tudo bem que o sistema bloqueia qualquer bobagem que o motorista fizer. Mas vale lembrar que, como em outros modelos Mercedes-Benz, o acionamento do limpador de para-brisa fica em um comando giratório acionado pela mão esquerda!
Ainda no capítulo comandos do interior, o motorista encontra na ponta dos dedos as mais variadas informações para sua viagem no computador de bordo. Além das triviais, como distância, tempo de viagem e consumo, há velocidade média e bússola, por exemplo.
Conforto embarcado
Por dentro os ocupantes desfrutam de todos aqueles confortos de sedãs de luxo que citamos antes, lembra? O ar-condicionado é automático Thermatic de duas zonas de temperatura, uma para o lado esquerdo e outra para o direito. A coluna de direção tem ajuste elétrico. O sistema de som lê MP3 e DVD, além de oferecer HD interno com 4 GB. Bancos e volante são de couro.
O estacionamento é facilitado por sensores (Parktronic). Há controlador e limitador de velocidade para os mais distraídos. Os retrovisores interno e externo esquerdo vêm com antiofuscante automático e são aquecidos. Com o carro desligado e trancado, os externos rebatem.
No painel dois botões chamam a atenção. Um serve para preparar o carro para um trecho off-road mais difícil; outro aciona o controle de velocidade em descidas (DSR, Downhill Speed Regulation), para atravessar declives sem perder o controle.
Aliás, para garantir a segurança a bordo, o ML 350 CDI vem com airbags dianteiros de dois estágios, laterais dianteiros e de janela. Toda a parafernália eletrônica de segurança também está presente, especial para modo off-road ? 4ESP, ABS/BAS e ASR (programa de estabilidade, sistema antitravamento e controle de tração). Em aclives, o ML dá ao condutor alguns segundos para que ele tire o pé do freio e acione o acelerador sem permitir que o veículo desça.
Preços
Agora você se pergunta: quanto tenho de desembolsar para levar esse jipão para casa? Resposta: R$ 259.900. Isso porque é a versão ?de entrada? do modelo. Se pagar R$ 302.500, pode levar para casa a versão Sport, que, além de todos os equipamentos da versão que testamos, traz ainda faróis com lâmpadas de bi-xenônio e Active Light System, airbags laterais traseiros, ar-condicionado de três zonas (também para a traseira), porta traseira elétrica, câmera na traseira, sistema de entretenimento na traseira (duas telas de DVD de sete polegadas, com dois fones de ouvido) e sistema Harman-Kardon Logic7 de som.
Embora pareça lugar-comum em motor diesel, vale a ressalva: o modelo lembra aquela propaganda de moto que diz não combinar com posto de gasolina. Rodamos cerca de 1.000 quilômetros sem ter de fazer nem sequer uma visita ao nosso amigo frentista. O que significa dizer que o trajeto São Paulo-Brasília pode ser vencido sem que se seja preciso parar e abastecer.