Universitário deve organizar as finanças para não cair em dívidas

Jovens que saem da casa dos pais para estudar têm dificuldade para montar e cumprir o orçamento doméstico.

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Aos 25 anos, Marcelo Pedrosa cursa marketing na USP Leste -universidade pública- e divide um apartamento com o irmão de 28 anos na capital paulista. Os dois não pagam aluguel. O imóvel é do pai, que ainda ajuda os filhos com o pagamento de condomínio, conta de luz e alimentação.

O estudante, que também se prepara para um concurso público não está trabalhando, cuida de algumas tarefas domésticas. Mas não tem ideia de quanto precisa por mês para se manter.

"Não sei dizer quanto vai em alimentação, condomínio, conta de luz...", admite Pedrosa. "Mas estou me organizando para ver de que forma podemos reduzir gastos."

Essa falta de noção das despesas é muito comum entre os jovens que começam a vida longe dos pais. Fazer um orçamento básico e, principalmente, segui-lo, não é tão simples quanto parece.

"A falta de experiência é um complicador", diz Valter Police, planejador financeiro pessoal. "A situação fica ainda mais delicada considerando a impulsividade natural da juventude, que favorece o consumismo; é preciso buscar o equilíbrio", acrescenta.

RISCOS

O grande risco nessa fase da vida, na avaliação de Police, é gastar primeiro e só depois analisar a atitude. Esse comportamento é uma das grandes razões para que o dinheiro do mês -seja o salário, seja a mesada dos pais- acabe antes do pagamento de todas as contas.

"Além disso, há o risco de o jovem entrar, sem necessidade, em um financiamento muito longo e caro, como para a compra de um carro ou um imóvel", diz o consultor.

"Nessa época de faculdade, o grande compromisso financeiro deve ser com o estudo, principalmente se for privado ou pago com crédito educacional. Outros financiamentos podem ficar para mais tarde," completa.

Erasmo Vieira, consultor da Planilhar Planejamento Financeiro, ressalta o perigo que o cartão de crédito e o limite do cheque especial podem representar.

"Muitas vezes, a primeira coisa que o estudante vê quando entra na faculdade é o guichê de um banco que oferece uma conta universitária e um cartão de crédito", diz Vieira.

"Sem nenhum contato anterior com instrumentos financeiros, esse jovem tende a se atrapalhar com os limites e a pagar juros altíssimos, começando uma vida financeira endividado."

ESCOLHAS

Vieira ressalta que é preciso aprender a fazer escolhas. "Ter acesso ao crédito é importante, mas não dá para comprar tudo ao mesmo tempo. Enxugar gastos é ruim, mas ter dívidas fora do controle é muito pior."

Aos 19 anos, Beatriz Pereira, recém-aprovada no vestibular de medicina da Universidade Estadual de Londrina, no Paraná, acaba de deixar a casa dos pais em Maringá, cidade que fica a cem quilômetros de viagem.

As aulas mal começaram; a estudante sabe pouco da rotina que a espera, mas já se propôs uma tarefa: anotar todos os gastos em uma planilha e fazer com que as despesas caibam na ajuda de R$ 1.000 que os pais vão mandar mensalmente.

"É a primeira vez que moro sozinha, não tenho ideia dos custos, mas sei que os pequenos gastos podem dar um susto no final do mês se não forem controlados."

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