Veja quem é a empresária que comprovou ser dona de 83% de Jericoacoara

A família da empresária alega ter adquirido as terras legalmente e desconhecia a formação da vila sobre elas.

Vila de Jericoacoara é um dos principais destinos turísticos do Brasil. | Tripadvisor
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A empresária Iracema Correia São Tiago, reconhecida pelo estado do Ceará como proprietária de aproximadamente 83% das terras de Jericoacoara, está envolvida em uma intensa disputa sobre a destinação das áreas desocupadas nesta região turística no nordeste do Brasil.

A Procuradoria-Geral do Estado do Ceará (PGE-CE) está conduzindo um acordo extrajudicial que poderá garantir a ela o título de propriedade de 4,9 hectares das terras desocupadas, preservando as vias públicas e áreas consideradas de interesse do estado.

A controvérsia surgiu após moradores da vila protestarem contra o acordo, manifestando receios de que áreas abertas seriam comprometidas. Documentos apresentados pela empresária indicam que ela adquiriu terrenos na década de 1980, e o estado confirmou sua posse sobre 73,5 hectares no local, incluindo áreas que se sobrepõem ao Parque Nacional de Jericoacoara.

Aos 78 anos, Iracema mora em Fortaleza, onde chegou quando seu pai, funcionário do Banco do Brasil, foi transferido para o Ceará. Foi casada com José Maria de Morais Machado, de quem herdou propriedades após o divórcio, incluindo a Fazenda Junco I, parte do acordo atual. Samuel Machado, sobrinho de José Maria, representa Iracema e a família em declarações públicas. Ele descreve a empresária como discreta e abalada pela exposição do caso: “Ela está abalada porque estão fazendo essa confusão toda, e ela não mexeu com ninguém", declarou Samuel.

O acordo propõe que Iracema ceda todas as áreas ocupadas, ficando apenas com os terrenos não desenvolvidos que estão em seu nome. As terras foram compradas por José Maria na década de 1980 para cultivo de caju e coco, sendo integradas à fazenda Junco I. Segundo Samuel, a família desconhecia a arrecadação das terras para a formação da vila, em meados da década de 1990, e só descobriu a situação em 2002, quando o Parque Nacional foi criado.

O governador do Ceará, Elmano de Freitas, apoiou a regularização, defendendo que “a escritura é válida” e que o estado está protegendo o direito de propriedade. Ele explicou que o acordo prevê a preservação das áreas de interesse público. Em contrapartida, o prefeito eleito de Jericoacoara, Leandro Cezar, manifestou-se contra a concessão dos terrenos, comprometendo-se a barrar novos alvarás de construção nas áreas em litígio.

Em uma carta aberta, Iracema e seus filhos afirmaram que sua intenção é legitimar o direito sobre as áreas não ocupadas e respeitar o Plano Diretor do município. A família ainda pediu diálogo e esclareceu que não pretende interferir nos terrenos já ocupados, enfatizando que buscam apenas manter uma presença legítima na região.

Com o apoio de novos advogados, a família tenta validar sua propriedade sobre áreas não ocupadas da vila.

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