Educadores de finanças recomendam que as pessoas estabeleçam metas para deixar o bolso em ordem, saindo das dívidas e poupando para emergências.
1) Elaborar um orçamento. Listar as despesas e comparar os resultados com a renda está no topo da lista das iniciativas mais recomendadas, tanto para sair do atoleiro das dívidas quanto para dar início a um plano de poupança.
"Para mim, é a providência "número zero" para as finanças de qualquer um. Todo mundo sabe muito bem quanto gasta de luz, de água, mas às vezes não sabe quanto gasta com lazer", diz a planejadora financeira Letícia Camargo.
"Quando você faz o orçamento, dá para perceber em que está gastando e pode planejar melhor as despesas. E de repente, negociar um pacote de TV a cabo mais em conta", afirma.
Na Internet, há várias ferramentas online à disposição: a Anbima, a Febraban e a Fundação Getúlio Vargas oferecem cursos e programas que ajudam nessa tarefa.
2) Formar uma reserva de emergência. Guardar o equivalente a seis meses de suas despesas mensais como prevenção contra imprevistos é outro conselho básico de dez entre dez especialistas em finanças pessoais.
"Mas é preciso que esse dinheiro fique em uma aplicação com liquidez [facilidade em sacar o recurso aplicado]. Eu conheço o caso de uma pessoa muito rica, mas que tem todo o seu dinheiro colocado em imóveis. Se ele precisar de dinheiro de uma hora para outra, vai estar em uma situação complicada", afirma o planejador Oswaldo Sena.
3) Pesquisar aplicações financeiras e diversificar. A redução dos juros básicos da economia (que afetam os ganhos de CDBs e fundos de renda fixa) e a alteração nas regras da poupança mudaram o panorama para o investidor a partir de 2012.
Apesar da expectativa de que o governo volte a elevar a taxa básica de juros ainda neste ano, ninguém projeta um retorno dessa taxa para a casa dos dois dígitos, como no início de 2012. Dessa forma, o desempenho de muitas das aplicações tradicionais pode frustrar o poupador.
Migrar para outras aplicações com o objetivo de melhorar os ganhos, na maioria dos casos, significa correr mais riscos do que muita gente está acostumada.
Como fazer a transição? Especialistas aconselham que o investidor pesquise várias aplicações financeiras e faça duas perguntas obrigatórias antes de decidir: vou aplicar esse dinheiro com qual objetivo? Qual a minha tolerância a perdas? As respostas vão dar a pista para o produto mais adequado.
"Às vezes, a pessoa até pode ter um perfil de investimento agressivo [mais tolerante a eventuais prejuízos] mas pretende comprar um casa daqui a um ano. Nessa situação, mesmo com esse perfil, não é o caso de colocar o dinheiro em ações [que podem ter perdas bruscas de um momento para outro]", afirma a planejadora financeira Letícia Camargo.
Aprender a investir pelo Tesouro Direto pode ser o caminho inicial para o poupador mudar seus hábitos de investimento. O programa para negociar títulos da dívida pública é quase uma unanimidade entre especialistas.
A possibilidade de aplicar com pouco dinheiro e os custos menores (em comparação com os fundos tradicionais de investimentos) são os elogios mais comuns. Também é fácil para diversificar: existem produtos para "perseguir" a taxa básica de juros, ou a inflação, ou que garantem ao investidor um rendimento previamente combinado.
A desvantagem: os preços desses títulos variam diariamente, conforme as expectativas dos investidores em relação à taxa básica de juros e a inflação. Em alguns momentos, os preços de venda podem não ser vantajosos quanto os preços de compra.
Para evitar prejuízos, o conselho básico é segurar o título até o vencimento, quando o governo vai pagar o rendimento combinado no momento da compra (o IPCA mais uma taxa de juros fixa, por exemplo).
Se for o caso de vender antes do prazo final, o Tesouro Direto tem uma ferramenta online que permite ao investidor simular a operação e descobrir se vai ter ganho ou perda.
"Uma característica que eu gosto no Tesouro Direto e eu recomendo aos meus clientes é a possibilidade de programar as compras dos títulos. Eu aconselho a deixar programada a aplicação para o dia em que o salário cai na conta corrente", diz Oswaldo Sena.
Existem vários cursos básicos sobre investimentos que podem ser feitos pela Internet, oferecidos pela CVM, FGV e BM&FBovespa, entre outros.
4) Planejar a aposentadoria. "As pessoas pensam em aposentadoria aos 40 anos, começam a poupar aos 50 e querem se aposentar aos 60. Aí, a conta não fecha", diz o superintendente de Marketing da Icatu Seguros, Humberto Sardenberg.
Essa tarefa ganhou ainda mais importância com a mudança no patamar de juros básicos: as aplicações mais seguras (como CDBs e poupança) ficaram menos rentáveis.
Mantido esse cenário pelos próximos anos, o investidor terá de, provavelmente: a) ou poupar mais a cada mês; b) ou atrasar a data de aposentadoria; c) ou buscar produtos com maior potencial de ganhos, isto é, correr mais riscos.
Descobrir quanto será necessário juntar para a hora da aposentadoria é um dos passos importantes nesse planejamento. A Icatu colocou no ar uma ferramenta online que estima um valor considerando o padrão de vida atual do poupador. E o Ministério da Previdência dispõe de um simulador voltado para a aposentadoria do trabalhador da iniciativa privada.
Para quem já paga um plano de previdência privada, como um PGBL ou um VGBL, pode ser interessante ficar atento aos custos da aplicação.
Embora esses produtos tenham vantagem para o Imposto de Renda (como o caso do PGBL), os custos podem corroer uma parte significativa dos ganhos da aplicação.
Taxas de carregamento (cobradas a cada investimento) e taxas de administração (cobrada uma vez por ano sobre o total do dinheiro aplicado) são as principais cobranças.
O investidor, no entanto, tem ao seu lado a vantagem da portabilidade: ele pode solicitar a transferência dos recursos depositados (inclusive para o plano de um banco diferente) sem quaisquer custos.
Vale prestar a atenção na mudança da tábua atuarial de um plano para outro. A tábua atuarial aponta a expectativa de vida do indivíduo e é uma ferramenta fundamental para o cálculo dos benefícios pagos na época dos resgates. Tábuas atuariais mais antigas (com a AT-49 ou AT-83) são mais vantajosas para o investidor, porque estimam uma vida mais curta, e portanto, engordam o benefício.
5) Deixar a papelada pronta para a família. Embora seja a iniciativa mais simples da lista, é talvez a menos popular. "Ninguém gosta de pensar que pode não estar aqui de um momento para o outro, é desagradável, e com a maioria das pessoas isso não vai ocorrer. Mas às vezes acontece. Nesses casos, facilita muito deixar um documento com as informações atualizadas", afirma Sardenberg, da Icatu.
"A pessoa pode deixar listadas todas as suas aplicações financeiras. O que possui e onde está guardado, e talvez até mesmo o valor financeiro. E claro, como movimentar essas aplicações, com as senhas. É importante colocar uma referência, como o nome do gerente do banco, por exemplo", afirma a planejadora financeira Angela Nunes.
"É importante também não esquecer itens como seguros e planos de previdência privada, dizendo quem será o beneficiário. Já vi casos em que a pessoa somente descobre que o parente tinha um seguro depois da morte."