?Não é sobre sexo, é sobre violência?. Com esse slogan, a Marcha das Vadias foi às ruas do Centro de Teresina, na tarde da última quinta-feira (25), lutar contra a violência que vitima mulheres em todo o Estado, todos os dias. O movimento chega à sua segunda edição no Piauí e une homens e mulheres em torno da mesma causa, o combate à violência contra elas.
Além disso, a marcha reivindica ainda mais delegacias voltadas para atender mulheres. Hoje Teresina conta com apenas três DP?s para atender esse público. Para chamar atenção para essa necessidade, a marcha saiu da Frei Serafim em direção à Delegacia da Mulher, no Centro da cidade. ?Queremos ainda que o Governo do Estado olhe mais para o interior do Estado, onde os índices de violência contra a mulher também são bastante significativos?, disse a estudante e uma das organizadoras da marcha, Gabriela Moura.
E a bandeira de luta não é algo restrito a mulheres. Sem camisa, usando saia, batom vermelho e frases de efeito pintadas sobre a pele, os homens se juntaram às mulheres da capital para pedir mais respeito a elas. ?Um dos principais opressores das mulheres são os homens e se nós temos consciência de que isso não é certo, já damos um grande apoio à luta. Nós estamos sem camisa para mostrar que não é porque alguém anda com menos roupa que ela pode ser estuprada?, afirmou o estudante Miguel Coutinho.
Quem também entrou nessa luta foi o Grupo Matizes, que compareceu à caminhada para lutar contra a criminalidade que também vitima muitas mulheres lésbicas em todo o Piauí. ?Hoje as pessoas não respeitam o fato de nós mulheres nos relacionarmos com outras mulheres, por causa disso, somos vítimas desse preconceito que chega em forma de violência?, reclamou a coordenadora do Matizes, Carmem Ribeiro.
O Serviço de Atenção às Mulheres Vítimas de Violência Sexual (Samvis) mostra que, no Piauí, uma mulher é vítima de estupro a cada 24h. Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em contrapartida, apontam que o Piauí possui os menores índices de assassinato de mulheres, dados contestados pelos organizadores da marcha.
?Esses dados não condizem com os números de violência contra a mulher no nosso Estado. Isso nos leva a crer que isso acontece por haver muitas subnotificações. Muitos crimes contra as mulheres entram para as estatísticas de homicídios gerais, sem entrar na questão do gênero?, argumentou a estudante Rebeca Monteiro.
A Marcha das Vadias é um movimento internacional de mulheres criado em abril de 2011, na cidade de Toronto, no Canadá, em resposta ao comentário de um policial que disse que, para evitar estupros em uma universidade, as mulheres deveriam parar de se vestir como ?sluts? (vadias, em português). Assim, teve início a SlutWalk, em que mais de 3 mil mulheres canadenses foram às ruas para protestar contra o discurso de culpabilização das vítimas de violência sexual e de qualquer outro tipo de violência contra as mulheres.