O empresário Eike Batista contratou o ex-ministro da Justiça e advogado Marcio Thomaz Bastos para defender o filho Thor, 20 anos, que atropelou e matou um ciclista na noite de sábado, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. "Sou advogado dele (Eike) há muito tempo e, logo que o caso aconteceu, ele me procurou", afirmou o ex-ministro ao Terra nesta quarta-feira.
Questionado se estava confiante, o ex-ministro - esteve no cargo durante todo o primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e nos primeiros três meses do segundo -, respondeu: "estou, claro". Bastos, porém, não comentou qual será a estratégia de defesa. Ele disse que ainda não se inteirou do caso e de detalhes da perícia no Mercedes SLR McLaren de Thor, e que designou um colega para ir à polícia acompanhar os depoimentos.
Um seguidor do perfil de Eike Batista no Twitter questionou o empresário sobre a necessidade da contratação do ex-ministro, uma vez que Thor se diz inocente. "Só contrato o melhor, algum problema?", respondeu Eike.
Bastos já defendeu, entre outros famosos, o médico Roger Abdelmassih, condenado em 2010 por mais de 50 estupros de pacientes; o ex-vice-presidente do Banco Rural José Roberto Salgado, um dos réus do Mensalão; o presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ), Luiz Zveiter, acusado de defender uma construtora em um processo quando era presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ); Carla Cepollina, acusada de matar em 2006 o coronel da reserva da Polícia Militar Ubiratan Guimarães, comandante da invasão ao presídio do Carandiru em 1992; o ex-promotor Igor Ferreira da Silva, condenado pela morte da mulher, grávida de sete meses, em 2001; e o usineiro Marcelo Zacharias Afif Cury, acusado de matar duas pessoas após discussão em São Paulo, em 1997.
Nesta quarta, o filho do presidente do grupo EBX com a ex-modelo Luma de Oliveira compareceu à 61ª Delegacia de Polícia, em Xerém, para depor sobre a morte de Wanderson Pereira dos Santos, 30 anos. Ao deixar a sede, ele se disse convicto de sua inocência e garantiu amparo à família da vítima. "Lamento profundamente a perda do Wanderson, entendo a dor da família, e, mesmo convicto da minha inocência, vou prestar todo o apoio que eles necessitarem", afirmou.
Responsável pelo inquérito, o delegado Mário Roberto Arruda disse após ouvir Thor que descarta a possibilidade de o atropelamento ter ocorrido no acostamento da rodovia Washington Luís, como havia afirmado o advogado da família da vítima, Kleber Carvalho, e um vizinho que testemunhou o acidente. O delegado trabalha com a hipótese de o ciclista ter sido atingido quando tentava atravessar a via. Thor afirmou que o homem cruzou sua frente "repentinamente" e, por isso, não conseguiu frear a tempo.
O delegado solicitará novo laudo técnico - perícia de cálculo - para detectar a velocidade real do carro, o qual Thor afirmava guiar dentro do limite da rodovia, que é de 110 km/h. Após os laudos, que devem ficar prontos em pouco mais de duas semanas, Arruda deve encerrar o inquérito. Caso seja comprovada velocidade inadequada, ocorre o que a polícia chama de culpa concorrente, quando ambos têm responsabilidade - Wanderson estaria errado ao atravessar a via naquele ponto. Assim, Thor responderia a homicídio culposo, cuja pena em eventual condenação pode se estender de dois a quatro anos de detenção, além de suspensão ou proibição de se obter a habilitação para dirigir.