'Ele via o jogo do Brasil enquanto meu filho morria', afirma pai sobre médico

O caso está sendo investigado pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) e a escala entregue à Polícia Civil aponta que o especialista estava de plantão no dia 6.

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 A morte de Noah Alexandre Palermo na Santa Casa de São Carlos (SP), após uma cirurgia para a retirada do apêndice, completou 10 meses em meio a uma discussão. Marcos Palermo, pai da criança, postou nesta semana, no Facebook, fotos que mostram o médico Luciano Barboza Sampaio torcendo pelo Brasil no amistoso contra a Sérvia, em 6 de junho, dia em que Noah foi para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). “Por que ele não veio? Ele via o jogo enquanto meu filho morria. Isso não tem cabimento”, desabafou o pai.

 O caso está sendo investigado pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) e a escala entregue à Polícia Civil aponta que o especialista estava de plantão no dia 6. O inquérito que apura se houve responsabilidade pela morte da criança, contudo, ainda não foi finalizado. Apesar disso, o pai apresentou documentos da Secretaria da Saúde e da Comissão de Ética da Santa Casa que apontam indícios de "imperícia", "negligência" e "infrações éticas".

“Não fomos notificados sobre as fotos. Estamos acompanhando e aguardando a conclusão do inquérito policial. O laudo apontou que ele não tem culpa”, disse o advogado Augusto Fauvel, que representa o cirurgião pediátrico. Ao Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), o médico informou que saiu do hospital na data mencionada por motivos particulares.

 Investigação
A delegada Denise Gobbi Szakal afirmou  que o primeiro laudo sobre o caso foi inconclusivo e que foram solicitados por duas vezes pareceres complementares. “Mais de 50 pessoas foram ouvidas e estamos aguardando algumas provas para ouvir o médico e dar um desfecho à investigação”, contou. “Os pais ligam quase todos os dias. Sei a dor que estão sentindo”.

Ao Jornal da EPTV, ela informou ainda que recebeu a programação do plantão dos especialistas da Santa Casa. "O cirurgião pediátrico de plantão no dia dos fatos realmente era o médico que estava escalado, o doutor Luciano".

Em nota, a Santa Casa afirmou que em 16 de junho de 2014 enviou um pedido de abertura de sindicância ao Cremesp, regional Araraquara, para a apuração de responsabilidade da conduta médica. “Na época, toda a documentação do paciente Noah Alexandre Palermo, com os prontuários médicos, foi enviada ao Cremesp. A Mesa Administrativa da Santa Casa aguarda a decisão do Cremesp para se posicionar”, informou o hospital.

 Processo
Documentos fornecidos pelo pai mostram que a auditoria da Secretaria Municipal de Saúde entendeu que há indícios de imperícia ou negligência no acompanhamento de Noah. Em outro documento, a Comissão de Ética da Santa Casa encaminhou um parecer para o Cremesp no qual informa que encontrou indícios de infrações éticas durante a condução do caso.

“A Comissão de Ética Médica da Santa Casa apontou para erro e mandou os documentos para o Cremesp. A apuração realizada pela ouvidoria da Prefeitura apontou negligência”, disse Marcos, que recebeu as imagens do jogo de um amigo e espera que elas sirvam de prova.

Ele criticou o fato de o Ministério Público não ter entrado com uma ação e a reportagem tentou conversar com o promotor para saber quais providências estão sendo tomadas, mas não conseguiu contato até a publicação.

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