A cobertura tríplex de aproximadamente 500 m² onde morava o casal Elize e Marcos Matsunaga abrigava, além das cadelas Fiona e Lilica, um bichinho de estimação pouco convencional. Durante quase dois anos, o imóvel na Vila Leopoldina, na zona oeste da capital paulista, teve um espaço reservado para jiboia de Elize, que cuidava da serpente com zelo digno de uma mãe.
No mesmo imóvel, a bacharel em Direito matou e esquartejou o marido após descobrir uma traição. O crime ocorreu em junho deste ano, quando a cobra já não estava mais no local havia algum tempo. Mas as excentricidade do casal chamava a atenção das pessoas próximas.
Um amigo que frequentava o apartamento do casal Matsunaga revelou que Elize costumava, ela mesma, comprar camundongos para saciar o apetite da jiboia. Certa vez, quando transportava uma caixa com os ?petiscos?, precisou realizar uma freada brusca e os roedores correram soltos pelo interior do carro dela.
Ainda segundo este frequentador da casa, Elize chegou a registrar, em vídeo, o momento em que o animal se alimentava. ?Uma cena horrorosa? na opinião deste conhecido, mas cheia de beleza e graça para o casal.
Além de exibir a imagem aos amigos, Elize gostava de mostrar as dezenas de fotografias que tinha da cobra, mantida em um viveiro de vidro, colocado no terceiro andar da cobertura.
Elize apreciava o contato com a serpente. Costumava pegá-la e, algumas vezes, chegava a enrolá-la no pescoço para mostrar o temperamento ?manso? do animal, que conforme este amigo,era legalizado.
A temporada da jiboia no tríplex da rua Carlos Weber se encerrou com a gravidez da bacharel em Direito. Ainda que apegada ao réptil, ela quis se desfazer dele antes do nascimento da filha. Na época, Marcos não gostou da ideia, mas, mesmo a contragosto, aceitou.
Em Tremembé
Desde o dia 20 de junho, a Penitenciária Feminina Santa Maria Eufrásia Pelletier, em Tremembé, passou a ser o novo endereço de Elize. No complexo, também estão Anna Carolina Jatobá, condenada pela morte da menina Isabella Nardoni, e Suzane Von Richthofen, condenada por planejar o assassinato dos pais.
Elize, que teve a prisão preventiva decretada, deve ficar detida até que seja julgada pela morte do marido. Marcos era executivo da Yoki e herdeiro da família Kitano.
Antes de ir para Tremembé, a 147 km da capital, acusada ficou na cadeia de Itapevi, onde permaneceu por 15 dias. Em carta escrita na prisão, a bacharel em direito e ex-garota de programa afirmou que era humilhada e ameaçada pelo empresário e negou ter vivido, ao lado dele, um ?conto de fadas?.