Em uma entrevista realizada na tarde deste domingo (17), em Manaus, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou um aporte de US$ 50 milhões para o Fundo Amazônia. Com informações da Agência Brasil.
A declaração ocorreu após uma visita ao Museu da Amazônia.
VISITA HISTÓRICA
Foi a primeira vez que um presidente dos Estados Unidos visitou a Amazônia durante o exercício do mandato. Na ocasião, foram anunciados acordos bilaterais que celebram os 200 anos de relações entre Brasil e Estados Unidos, além de parcerias com ONGs e empresas — incluindo instituições financeiras brasileiras — para combater o crime organizado, com foco na mineração ilegal, desmatamento e incêndios florestais.
As medidas, conforme anunciado, têm como objetivo "acelerar os esforços globais para enfrentar e reverter o desmatamento, promover soluções baseadas na natureza que reduzam emissões, aumentem a biodiversidade e fortaleçam a resiliência diante das mudanças climáticas".
O anúncio reflete o compromisso da Casa Branca com o financiamento climático internacional, marcando um contraste com posições do ex-presidente Donald Trump, conhecido por seu ceticismo em relação às mudanças climáticas causadas pela ação humana.
Em nota oficial, o governo dos EUA destacou que "desde o primeiro dia do governo Biden-Harris, o combate às mudanças climáticas tem sido uma prioridade essencial da presidência". A mensagem ressalta que a administração Biden transformou o enfrentamento da crise climática em uma oportunidade econômica global, citando a ampliação do orçamento para ações de conservação para US$ 11 bilhões anuais, um aumento significativo em relação ao início do mandato.
Parte dos recursos será direcionada por meio da Corporação Financeira de Desenvolvimento Internacional dos EUA (DFC), que investirá US$ 3,71 bilhões, e do Banco de Exportação e Importação dos EUA (Exim), com US$ 1,6 bilhão ainda este ano.
Entre os anúncios em Manaus, estão:
- A doação de US$ 50 milhões para o Fundo Amazônia, dobrando a contribuição anterior dos Estados Unidos;
- O lançamento de uma coalizão de investidores em parceria com o BTG Pactual, visando levantar US$ 10 bilhões até 2030 para projetos de remoção de emissões e apoio à bioeconomia;
- Apoio à geração de créditos de carbono por meio do reflorestamento, em parceria com a empresa Mombak;
- Participação no Fundo Florestas Tropicais para Sempre, iniciativa liderada pelo governo brasileiro.
Investimentos específicos:
- US$ 180 milhões para ações de reflorestamento no Pará por meio da Coalizão Leaf;
- Expansão do acordo de financiamento entre a DFC e o BNDES;
- US$ 2 milhões para o Laboratório de Investimentos em Soluções Baseadas na Natureza;
- US$ 2,6 milhões no projeto Rainforest Wealth, do Imaflora e do Instituto Socioambiental (ISA);
- Mais de US$ 10 milhões para iniciativas de bioeconomia e produção local sustentável;
- Cerca de US$ 14 milhões para apoiar comunidades indígenas.
O pacote também reforça o combate ao crime ambiental, com destaque para:
- Treinamento técnico em rastreamento de madeira utilizando espectrometria de massa;
- Apoio ao enfrentamento da mineração ilegal e do tráfico de mercúrio, com investimento de US$ 1,4 milhão;
- Parcerias de longo prazo para monitoramento de incêndios florestais, incluindo treinamento de brigadas indígenas femininas no Tocantins e Maranhão.
Repercussão
O movimento Amazônia de Pé, que reúne milhares de ativistas e organizações, comemorou o anúncio. Daniela Orofino, porta-voz do grupo, destacou a importância do apoio ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre, uma demanda antiga de comunidades locais.
Já Marcio Astrini, do Observatório do Clima, ressaltou que os anúncios fortalecem políticas públicas de combate ao desmatamento, fundamentais para zerar emissões de gases de efeito estufa. Ele também elogiou a consolidação do Fundo Amazônia como instrumento estratégico para enfrentar o desmatamento ilegal e promover uma economia sustentável na região.