Empresários brasileiros em Portugal vivem dilema pela falta mão de obra. Desde a retomada do setor de bares e restaurantes no primeiro fim de semana após o alívio das restrições, setor vê a escassez de candidatos a empregos.
Nesta nova etapa da reabertura programada para os últimos meses do verão europeu e iniciada em 23 de agosto, o número de pessoas nas mesas nos interiores de restaurantes e cafés - dois dos grandes beneficiados no último relaxamento - passou de seis para oito. Ao ar livre, a lotação subiu de 10 para 15 por mesa.
Neko Pedrosa, mineiro e torcedor do Atlético-MG, proprietário do Delirium em sociedade com a esposa Verônica, comemorava em dose dupla, tanto o movimento da filial da famosa cervejaria belga quanto a liderança do seu clube no Brasileiro.
- Parece que voltamos ao normal, porque o movimento aumentou muito. Ainda falta um pouquinho, mas esses dias já trouxeram esperança para o nosso setor, um dos mais abalados economicamente pela pandemia- disse Pedrosa.
Em mês de férias quase generalizadas na Europa, turistas nacionais e internacionais circulam em abundância por Portugal, mas ainda não é um movimento comparável aos tempos pré-Covid. Porém, diante de quase mais vinte dias de alta temporada pela frente, os bares dos empresários brasileiros apostam na ampliação física ou de serviços e na contratação de funcionários. Tarefa sempre difícil, porque falta mão de obra em Portugal, problema causado pela demografia, sazonalidade, pagamento de subsídios em curso, saláriio baixo (o mínimo é € 665/R$ 4 mil) e fluxo reduzido de imigração, principalmente do Brasil, devido à Covid-19.
- Ampliamos nossa esplanada (mesas ao livre) e agora cabem 60 pessoas. Como aqui é muito grande, estamos com vagas abertas e enfrentamos muita dificuldade para contratar. Há vários casos. Marcamos a entrevista, mas não aparecem. Ou não têm experiência e etc. - explicou Verônica, que tem vagas para gerente e garçom.
Além dos bares, lojas que exploram o mercado da saudade do Brasil com a venda de feijoada, caldo de cana, pastéis e outras comidas típicas registraram aumento de clientes nos últimos sete dias. Algumas com fila na porta. São, na maior parte do tempo, brasileiros residentes no país. Posts nas redes sociais e placas em vitrines de lojas ou bares oferecem trabalho há meses.
A multiplicação de clientes e redução de mão de obra em um dos segmentos mais abalados pelas quarentenas e regras restritivas necessárias para conter a Covid-19 também foi verificada no Porto.
Sócio da Casa Guedes, Leonardo Bevilacqua informou que o movimento nas três casas do Porto aumentou 45% em relação a agosto de 2020 e 30% se comparado com o último mês. Ele só gostaria que aparecessem tantos candidatos a emprego quanto clientes.
- As últimas semanas foram muito boas. Como estamos em pleno verão e com um alto percentual da população vacinada, as restrições de acesso ao interior do restaurante através do certificado de vacinação não impactaram o negócio. Também temos muitas esplanadas que os clientes dizem que são as melhores do Porto. A dificuldade maior que estamos enfrentando é a contratação de funcionários nesta época do ano - contou Bevilacqua.
Vinícius Gregório, dono do Salve Simpatia, teve aumento de clientes de aproximadamente 25%.
- Os três primeiros finais de semana foram praticamente iguais, mas neste último o movimento aumentou cerca de 25%. Se continuar nesta curva de crescimento e não houver mais surpresas, creio que vamos conseguir sobreviver a todo este período de turbulência causado pela pandemia - disse Gonçalves, que faz uma ressalva em relação ao certificado:
- É uma medida positiva, porque é uma forma de forçar a população a se vacinar, mas eu acho um contrassenso exigir certificado só aos fins de semana. Existem muitas casas, inclusive a nossa, que tem enchido da mesma maneira durante a semana.
Em sentido oposto, os candidatos às vagas rarearam.
- Estamos com a equipe reduzida e em fase de contratação de funcionários, principalmente de cozinha, mas está muito difícil achar mão de obra. Há duas semanas, fizemos anúncios de empregos em sites especializados e recebemos pouquíssimos currículos até hoje, a maioria sem qualquer experiência ou de pessoas que sequer moram em Portugal - contou Gonçalves.
As informações são do O Globo.