Em São Paulo, escolas vetam até compartilhar tocador de MP3

Entre elas, estão o uso de copos descartáveis e de álcool em gel

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Usar copos descartáveis, colocar dispensadores de álcool em gel pelos corredores, manter alunos na mesma sala durante todo o período de aulas e evitar até que compartilhem o mesmo tocador de MP3. Essas são algumas medidas que estão sendo adotadas por escolas particulares de São Paulo e do Rio de Janeiro para evitar o contágio pelo vírus influenza A (H1N1), responsável pela nova gripe. Nas duas cidades, as férias foram prorrogadas por causa do risco de contaminação.

No Colégio Franciscano João XXIII, que fica na Zona Oeste de São Paulo, as aulas foram retomadas gradualmente desde segunda-feira (10), e todos os alunos foram orientados a levar três copos e um pacote de lenços descartáveis por dia para a aula. O material extra foi adicionado à mochila escolar para evitar o contato direto da boca dos alunos com os bebedouros e cobrir o rosto em caso de tosse ou espirros.

?Resolvemos voltar antes do dia 17 porque acreditamos que o risco ocorre em qualquer data. O importante é ter segurança, tomar providências e dar orientação às famílias?, disse Silvio de Sá Arantes, gestor educacional do núcleo de direção do colégio. Além dos pedidos, o colégio distribuiu um questionário para que todos os alunos com perguntas sobre as férias. ?O objetivo é mapear a situação, saber com quem e onde eles estiveram, se saíram do país, receberam estrangeiros, ver se há possibilidade de ele ter tido contato com a doença.?

O Colégio Bandeirantes, na Zona Sul da capital paulista, também incluiu os copos na rotina dos alunos, mas adotou outra estratégia: oferece os copinhos em vez de pedir que os alunos tragam de casa. Na área dos estudantes de período integral, os bebedouros foram interditados para que as crianças menores não corram riscos. Além disso, o colégio distribuiu dispositivos com álcool em áreas de entrada e saída.

ÁGUA DE CASA

No Rio, o Colégio Santo Inácio, em Botafogo, Zona Sul, deu as orientações antes mesmo das férias. A escola pede que os estudantes não compartilhem objetos como tocadores de MP3, já que o vírus pode ficar na superfície dos aparelhos. Também recomenda que eles levem água de casa para evitar os bebedouros.

Outra medida tomada foi suspender o rodízio de salas. Os estudantes ficarão o dia inteiro na mesma sala. A troca passará a ser feita pelos professores, o que vai evitar a grande movimentação de crianças e adolescentes pelos corredores.

Já no Colégio São Bento, tradicional instituição de ensino só para garotos no Rio, ficam proibidas brincadeiras com proximidade corporal, como lutas, muito comum entre os meninos. Toalhas e roupas também não poderão ser compartilhadas. Apesar de a escola ter materiais descartáveis, a orientação é que os alunos levem copos e garrafas de casa.

ÁLCOOL EM GEL

Além de trazer os copos de casa, os alunos do colégio paulistano Franciscano João XXIII incorporaram outro hábito à rotina: higienizar as mãos com álcool em gel distribuído pelos professores. Eles fazem isso no início da primeira aula, logo antes do intervalo, depois do recreio e antes do fim das aulas. ?Essa medida teve uma recepção muito boa, eles acabam até fazendo festa para passar o álcool?, conta Silvio de Sá Arantes, gestor educacional do núcleo de direção do colégio.

A medida, que teve o apoio das turmas, é aprovada principalmente pelos pequenos ? e por suas mães. ?Como é novidade, ela está adorando?, contou a bióloga Inês Saito, mãe de Beatriz, de 9 anos. ?É uma prevenção aconselhável, ajuda bastante a minimizar a contaminação. Ela está trazendo os copos e os lenços, e já comentou comigo que não pode ficar muito próxima dos amiguinhos. Fiz um kit com álcool gel, sabão e toalhinha para ela levar toda vez que sair de casa?.

A dona de casa Amélia Nanaela Tâmara Mandola Correa, mãe de Mariana, de 6 anos, também aprova as medidas. ?As crianças gostam de usar o álcool; para eles é diversão. Não tenho medo de trazer minha filha para a escola, tenho amigas que ainda estão com os filhos em casa. Estou vendo que estão tomando todos os cuidados?. Quem não leva copo de casa pode conseguir o material no próprio colégio.

LIMPEZA NO ÔNIBUS

No Colégio Dante Alighieri, na região dos Jardins, as aulas só voltam na segunda (17), mas as orientações já estão preparadas. Dispositivos com álcool gel foram espalhados por várias áreas do prédio. Até nos ônibus de transporte escolar, os alunos serão orientados a limpar as mãos com o produto, na entrada e na saída.

?Também colocamos dispositivos com álcool próximo aos bebedouros, junto com copos descartáveis. Monitores ficarão perto dos bebedouros para orientar os alunos a utilizarem o equipamento apenas com o copo e a limparem as mãos antes de apertar os botões?, explicou Lauro Spaggiari, diretor-geral pedagógico. Ele estima que só parte das crianças volte às aulas neste primeiro momento e que essa avaliação caberá aos pais.

Na unidade da Barra do Colégio Santo Agostinho, na Zona Oeste da capital fluminense, a principal medida é limpar as maçanetas das portas e corrimãos das escadas com álcool gel a cada intervalo de aula.

O Colégio Notre Dame, em Ipanema, Zona Sul, limpou todos os aparelhos de ar-condicionado durante as férias. Mesmo assim, garante que eles ficarão desligados. Todas as salas terão suas janelas abertas.

RECOMENDAÇÕES

O Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo (Sieeesp), que representa as escolas particulares do estado, recomenda que as escolas orientem seus alunos em relação às questões de higiene, e corrobora a necessidade do uso de copos nos bebedouros para evitar o contato da boca no equipamento.

De acordo com o médico infectologista Carlos Magno Fortaleza, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), o uso de copos nos bebedouros é uma medida válida. ?Eles podem juntar secreção respiratória. A criança pode encostar a boca, o nariz, deixar saliva?, explicou. ?O uso de copos, seja descartável ou individual, é uma boa medida junto com outros cuidados, desde que as crianças não troquem os copos entre si?.

No caso do álcool gel, o infectologista ressalta que a lavagem das mãos com água e sabão causa o mesmo efeito, mas que a praticidade do produto industrializado pode aumentar o número de higienizações.

?É uma boa ideia limpar as mãos das crianças durante a aula com o álcool, uma estratégia que aumenta o número de limpezas?. Ele também ressaltou a necessidade de identificar rapidamente os sintomas e afastar crianças que possam estar doentes do ambiente escolar.

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