As emissões de gases de efeito estufa tiveram aumento de 12,2%, em 2021, em relação ao ano anterior, segundo a 10ª edição do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima (Seeg). O aumento foi impulsionado pelas áreas desmatadas no país.
No ano de 2021, o Brasil emitiu 2,42 bilhões de toneladas brutas de carbono, contra 2,16 bilhões de toneladas de CO2 lançadas na atmosfera em 2020. O recorde de alta foi verificado em 2003, quando as emissões de gases de efeito estufa tiveram um aumento de 20% em comparação com 2002. O crescimento na época foi impulsionado pelo desmatamento na Amazônia.
Segundo o Seeg, a destruição dos biomas brasileiros foi responsável pela emissão de 1,19 bilhão de toneladas brutas em 2021. O índice está acima de todos os gases lançados na atmosfera pelo Japão, um dos principais países na produção de veículos e artigos de informática.
No Brasil, os setores da economia responsáveis pelas maiores altas são agropecuária, com 3,8%; processos industriais e uso de produtos (8,2%); e energia (12,2%). O principal responsável pelas liberações de gases foram as mudanças de uso da terra, com 49% de todas as emissões em 2021. Os biomas com maior aumento no desmatamento foram a Amazônia e o Cerrado, com 77% e 4%, respectivamente.
“O mais preocupante é que, mesmo com os compromissos assumidos pelo país em sua NDC (a meta no Acordo de Paris), no Compromisso Global do Metano e no Plano ABC, que tem mais de 10 anos, em 2021, tivemos o recorde de emissões para a pecuária e a agricultura do Brasil”, salienta a coordenadora de Clima e Cadeias Agropecuárias do Imaflora, Renata Potenza.
Segundo o coordenador do Seeg, Tasso Azevedo, o balanço de 10 anos do sistema mostra que o Brasil teve uma década perdida para controlar a poluição climática.
“Desde a regulamentação da Política Nacional sobre Mudança do Clima, em 2010, nós estamos patinando. Não apenas não conseguimos reduzir nossas emissões de maneira consistente, como aumentamos nos últimos anos, e de forma expressiva. O Brasil tem as ferramentas de política pública, a tecnologia e os recursos para mudar sua trajetória, mas é preciso que o governo e a sociedade entendam que isso é fundamental para dar segurança à população em tempos de eventos extremos acelerados e também para alavancar a economia”, destaca Azevedo.