Um empresário carioca entrou na Justiça contra o banco onde tem uma conta corrente depois de ter descoberto, em setembro de 2008, que tinha um saldo disponível de R$ 734 bilhões. Em nota, o banco informou que, por uma falha técnica na transmissão de informações para a rede 24 horas, houve "distorção exclusivamente na formatação e impressão do extrato nesta rede".
Luiz Carlos Pimenta se tornou, no papel, um dos homens mais ricos do mundo no dia 2 de setembro de 2008, mas a alegria durou pouco. No extrato bancário, ele encontrou registros de saques e compensação de cheques na casa dos bilhões. Um dos saques chegou a R$ 7 bilhões e um cheque eletrônico de R$ 9 bilhões também foi compensado na sua conta.
Luis Carlos constatou o saldo ao imprimir um extrato durante uma viagem a Belo Horizonte.
"Eu precisei ficar mais um dia em Belo Horizonte e precisava comprar roupas. Resolvi checar meu saldo antes de gastar o dinheiro", contou ele, que foi a três caixas eletrônicos de onde tirou três extratos: todos mostravam os R$ 734.000.000.000,24 como o total em dinheiro disponível.
Diretor pagou passagem de volta
O empresário, que trabalha no ramo de toalhas, disse que, depois de tirar os extratos, não conseguiu mais fazer nenhuma movimentação. Ele disse que sua conta havia sido bloqueada. E explicou que um colega, que é diretor da sua empresa e que trabalha com ele, teve que pagar uma passagem até São Paulo, de onde ele voltou para o Rio.
Luiz Carlos ainda tentou tirar outros extratos em Belo Horizonte e São Paulo, mas não conseguiu resolver a situação.
"No dia seguinte fui a uma agência do Citibank no Rio e consegui tirar o extrato. Não tinha mais nada de errado na conta", contou ele. Antes da confusão, o empresário tinha cerca de mil reais no banco, e ele só teve a conta desbloqueada dois dias depois. O cliente também reclamou de que funcionários da agência não conseguiram ajudá-lo.
Por causa do prejuízo, Luis Carlos procurou ajuda de advogados, que entraram com uma ação indenizatória pedindo cerca de 60 salários mínimos por causa do bloqueio da conta. Os advogados desconfiaram também das movimentações feitas na conta, todas no mesmo dia, com centavos "quebrados", para uma possível identificação. E também estão preocupados de a Receita Federal questionar movimentação financeira tão grande na conta corrente do empresário.
Nota enviada pelo Citibank
A explicação do banco, em nota enviada ao G1, é a seguinte:
"Com relação ao suposto crédito indevido na conta do Sr. Luiz Carlos Pimenta, afirmamos que não há registros de crédito no valor relatado, nem bloqueio da Conta Corrente por esta razão.
Por meio de uma análise junto à área técnica, constatamos que no dia dois de setembro de 2008 ocorreram defeitos na transmissão de informações para a rede 24Horas, causando distorção exclusivamente na formatação e impressão do extrato nesta rede.
Este defeito não afetou os outros canais, Internet e telefone, para consulta e impressão de informações da conta corrente".