Mais de dois meses depois de sua morte, em 25 de junho, Michael Jackson foi sepultado na noite desta quinta-feira (3) no cemitério Forest Lawn, em Glendale, próximo de Los Angeles, em uma cerimônia privada apenas para os parentes e amigos do artista.
Segundo um comunicado divulgado pela família, o sepultamento ocorreu às 21h43 (horário local). "A família Jackson deseja agradecer novamente a todos os admiradores de Michael em todo o mundo por seu apoio generoso durante esses momentos terrivelmente difíceis", afirmaram os parentes no texto.
O corpo do astro foi levado ao túmulo por seus irmãos Jackie, Tito, Jermaine, Marlon e Randy.
A família do rei do pop chegou ao local do enterro com mais de uma hora de atraso. Uma caravana com mais de 20 carros, com o carro fúnebre no final, chegou ao cemitério por volta das 20h (0h de Brasília) com participantes da cerimônia, incluindo os três filhos do artista - Prince Michael, 12, Paris Michael, 10, e Prince Michael II, 7, conhecido como Blanket.
O caixão chegou ao Forest Lawn algum tempo depois, após o corpo de Jackson, que estava embalsamado, ser maquiado e vestido como se fosse seu "último show". O ataúde, banhado a ouro e prata, seguiu para o Grande Mausoléu, o principal do cemitério, inspirado no famoso "camposanto" de Gênova, onde foi sepultado numa cripta vigiada por câmeras 24 horas.
O enterro reuniu cerca de 200 pessoas, entre familiares e amigos íntimos do rei do pop, como a atriz Elizabeth Taylor, o ator Macaulay Culkin, o ator Chris Tucker, o Reverendo Al Sharpton, o músico Quincy Jones, o coreógrafo Kenny Ortega e a ex-mulher do astro, Lisa Marie Presley.
A polícia escoltou a caravana dos parentes de Jackson até o cemitério, que foi isolado por um grande aparato policial. O espaço aéreo na zona também foi fechado. Helicópteros, cães e policiais patrulhavam uma área de 120 hectares em torno do local.
Além de uma câmera que filmava o local do alto, um holofote do tipo que geralmente é usado em produções de TV iluminava os convidados em uma espécie de auditório com duas grandes fotografias do cantor. O equipamento gerou rumores a respeito da possibilidade de que as filmagens sejam incluídas no documentário "This is it."
Cerca de 250 assentos foram dispostos aos convidados sobre um gramado artificial, que margeava o caminho para o mausoléu. Cerca de 435 credenciais de imprensa foram distribuídas aos profissionais da área, que se mantiveram à distância da cerimônia.
O Reverendo Al Sharpton, que fez um discurso no funeral do cantor no Staples Center, há dois meses, postou em seu Twitter, durante a cerimônia, que tinha feito o mesmo na noite desta quinta. "Eu falei no final da cerimônia e Gladys Knight cantou. Agora nos preparamos para deixá-lo descansar", escreveu.
Alguns fãs se reuniram perto da entrada do cemitério para prestar homenagens ao rei do pop. A polícia de Glenadle disse que tudo correu bem e não houve prisões.
O mais próximo que os admiradores poderão chegar agora é a parte do mausoléu que abriga uma réplica de vidro em tamanho real da obra "A Santa Ceia", de Leonardo da Vinci. Todos os dias ocorrem pequenas apresentações no local, mas a maior parte da construção tem acesso restrito.
A família Jackson havia reservado um restaurante italiano em Pasadena para 200 convidados depois do enterro de Michael, de acordo com informações divulgadas pela gerente do Villa Sorriso Alex Carr. Ela não deu detalhes do cardápio nem quanto ao número de pessoas convidadas, mas disse que o restaurante todo havia sido reservado para o evento e que seguranças estariam presentes.
Na última quarta-feira (2), a mãe do cantor recebeu o direito de que o enterro fosse pago com o dinheiro da herança deixada pelo astro. A solicitação à Justiça foi feita por Katherine Jackson um dia antes. Em seu testamento, o rei do pop estipulou que sua herança e seus negócios fossem administrados pelo advogado John Branca e o executivo de gravadora John McClain.
A certidão de óbito de Michael Jackson recebeu uma emenda para incluir as circunstâncias de sua morte, declarada como homicídio e especificada como "injeção intravenosa por um outro". O registro lista "intoxicação aguda por propofol" como a causa principal e "efeito benzodiazepínico" como outra contribuição significativa.
Cemitério com história
Michael Jackson vai descansar em paz cercado pela grandiosidade dos monumentos e de lendas de Hollywood, como Clark Gable, Walt Disney e Nat King Cole, além de uma réplica de vidro em tamanho real de ?A Santa Ceia" de Leonardo da Vinci, e de uma reprodução de uma escultura que Michelangelo fez para a tumba do Papa Julius II em Roma.
Fundado em 1906 por um grupo de homens de negócio na cidade de Tropico (mais tarde Glendale), o parque onde fica o cemitério de Forest Lawn não tinha floresta nem gramado, apenas lápides tradicionais de granito.
O cenário mudou com a chegada de Hubert Eaton em 1912, que havia perdido uma pequena fortuna em uma mina em Nevada e precisava recuperar seu dinheiro como vendedor. Ele então convenceu as pessoas a comprar lotes antes de morrer, fazendo com que as vendas aumentassem 250 por cento.
Em três anos, ele se tornou gerente-geral e passou a colecionar arte e reproduções, acrescentando mausoléus, árvores, capelas e até uma loja de souvenir.
Hoje, o cemitério tem 300 acres e emprega 150 pessoas. O local foi dividido em seções batizadas de Slumberland, Babyland, Graceland e Inspiration Slope. Durante décadas, o cemitério seguiu a política de abrigar apenas brancos, e não se sabe em que ano isso mudou.
Cerca de 70 mil pessoas já se casaram no parque de Forest Lawn, incluindo Ronald Reagan e Jane Wyman, e especula-se que a procura pelo local tenha aumentado desde que a família de Michael Jackson anunciou seus planos de enterrar ali o corpo do rei do pop. Os profissionais da área, no entanto, dizem que a privacidade dos parentes e amigos do astro está garantida, já que o acesso ao mausoléu é monitorado.