A aprovação do Ato Médico, Projeto de Lei 286 que regulamenta a medicina, pelo Senado recebeu críticas de várias entidades profissionais da área da saúde. Para o Conselho Federal de Psicologia (CFP), foi um "duro golpe nos profissionais da saúde". A proposta, que vai passar pela avaliação da presidente Dilma Rousseff para sanção, define como atos privativos do médico, por exemplo, o diagnóstico da doença e a respectiva prescrição terapêutica, além da indicação de quando se fazer cirurgias e procedimentos invasivos.
Porém, a Lei 7.498, que regulamenta a enfermagem, dá ao enfermeiro a atribuição de diagnosticar doenças e prescrever medicamentos se esses procedimentos estiverem previstos em programas de saúde pública, o que contrasta com a determinação do Ato Médico, que faz dessas atribuições algo privativo dos médicos. Além disso, há protocolos do Ministério da Saúde determinando que doenças como hanseníase, malária e tuberculose podem ser diagnosticadas por enfermeiros.
O CFP disse em nota que uma série de políticas públicas de saúde, como de saúde mental e atenção básica, contam com profissionais de várias áreas trabalhando de forma integrada e articulada. "As equipes multidisciplinares definem em conjunto o diagnóstico e o tratamento, somando suas diversas visões de saúde e de doença para chegar a melhor intervenção", disse em nota.
Para a entidade, os usuários serão penalizados caso o Ato Médico seja aprovado pois essas políticas públicas serão afetadas. Para o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Coffito), uma das alterações necessárias no projeto é a inclusão da palavra "médica" à expressão "prescrição terapêutica", pois fisioterapeutas fazem e prescrevem terapias de sua área.
O Conselho Federal de Enfermagem inclui na lista de adequações necessárias à palavra "médico" o termo "diagnóstico", também para delimitar a área e para que enfermeiros continuem a fazer diagnósticos de enfermagem. Para o presidente do Conselho Federal de Medicina, Roberto Luiz d?Ávila, com a sanção do projeto, quem ganha é a população, que vai ter assistência médica. "O que vai acontecer daqui para frente é que não vai haver invasão das outras profissões na área médica", avaliou d?Ávil.