O Exército brasileiro informou que vai precisar de mais R$ 270 milhões para enviar e estabelecer no Haiti os 900 militares e os equipamentos que serão empregados na nova unidade militar brasileira no país caribenho. A previsão é de que os 750 militares do Batalhão de Infantaria e os 150 da Polícia do Exército comecem a viajar a partir da segunda quinzena de fevereiro. Com isso, eles se somariam aos 1.266 soldados e oficiais que já integram a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah).
Proposto pelo Ministério da Defesa em resposta a um pedido da Organização das Nações Unidas (ONU), o envio do reforço foi aprovado na última segunda-feira pelo Congresso Nacional, que também aprovou que o país mantenha uma reserva de 400 homens que se revezarão na missão de paz. Os custos do envio de mais este grupo, em sistema de revezamento, não está englobado nos R$ 270 milhões já solicitados.
Segundo o Exército, os recursos serão usados para atender às necessidades decorrentes da criação de uma nova unidade militar brasileira, tais como preparo das tropas, compra de material, viagem e estabelecimento do novo batalhão no país caribenho, devastado por um terremoto que deixou dezenas de milhares de mortos e um número incerto de feridos e desabrigados.
A cifra é mais que o dobro do valor já solicitado pelo Exército antes do tremor de terra do último dia 12. Até então, o comando da Força havia pedido R$ 102 milhões, valor que julgava suficiente para a manutenção do Batalhão de Infantaria (Brabatt) e da Companhia de Engenharia de Força de Paz (Braengcoy) que já se encontravam e que permanecerão no Haiti.
Ainda não está certo se devido às consequências do terremoto este valor será revisto, mas de acordo com o Exército, parte destes R$ 102 milhões já estão sendo repassados à Força. São cerca de R$ 64 milhões que o Exército irá empregar para atender às necessidades emergenciais decorrentes do tremor de terra.
Terremoto
Um terremoto de magnitude 7 na escala Richter atingiu o Haiti no último dia 12, às 16h53 no horário local (19h53 em Brasília). Com epicentro a 15 km da capital, Porto Príncipe, segundo o Serviço Geológico Norte-Americano, o terremoto é considerado pelo órgão o mais forte a atingir o país nos últimos 200 anos.
Dezenas de prédios da capital caíram e deixaram moradores sob escombros. Importantes edificações foram atingidas, como prédios das Nações Unidas e do governo do país. O governo haitiano confirmou a morte de 150 mil pessoas. O Haiti é o país mais pobre do continente americano.
Morte de brasileiros
A fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança, Organismo de Ação Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Zilda Arns, o diplomata Luiz Carlos da Costa, segunda maior autoridade civil da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti, o tenente da Polícia Militar do Distrito Federal Cleiton Batista Neiva, e pelo menos 18 militares brasileiros da missão de paz da ONU morreram durante o terremoto. Também foi confirmada a morte de uma brasileira com dupla nacionalidade, cuja identidade não foi divulgada.
O Brasil no Haiti
O Brasil chefia a missão de paz da ONU no país (Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti, ou Minustah, na sigla em francês), que conta com cerca de 7 mil integrantes. Segundo o Ministério da Defesa, 1.266 militares brasileiros servem na força. Ao todo, são 1.310 brasileiros no Haiti.
A missão de paz foi criada em 2004, depois que o então presidente Jean-Bertrand Aristide foi deposto durante uma rebelião. Além do prédio da ONU, o prédio da Embaixada Brasileira em Porto Príncipe também ficou danificado, mas segundo o governo, não há vítimas entre os funcionários brasileiros.