Mais de dez dias após a queda do avião da Malaysia Airlines no leste da Ucrânia, investigadores internacionais se dizem "frustrados" com a demora e as dificuldades de analisar o local da tragédia.
Michael Bociurkiw, porta-voz da OSCE (Organização para Segurança e Cooperação na Europa), disse a rede americana CNN que estão ?nós todos sabemos que ainda há restos humanos expostos lá fora?.
Trata-se, nas palavras de um funcionário frustrado, de "uma das maiores cenas abertas de crime do mundo".
"Esta é uma zona contestada. Há luta ativa acontecendo", declarou Andrew Colvin, vice-comissário da Polícia Federal australiana, em uma coletiva de imprensa.
? Vamos continuar tentando [investigar o local] a cada dia.
O líder rebelde Vladimir Antyufeyev disse a repórteres em Donetsk que os combatentes separatistas escoltavam os especialistas internacionais até o local da queda do avião, mas tiveram de voltar devido aos combates com as forças ucranianas.
Pelo menos três civis foram mortos durante a noite de domingo (27) para segunda-feira (28).
Rebeldes pró-russos afirmaram que perderam o controle de uma parte do local em que o voo MH-17 caiu, frente aos avanços das forças ucraniana que anunciaram a entrada em várias cidades próximas.
"Os ucranianos tomaram uma parte do território da queda", declarou à imprensa Vladimir Antiufeev, número dois do governo da autoproclamada República de Donetsk, de acordo com informações do tabloide britânico Daily Mail.
Autoridades ucranianas disseram que suas tropas haviam recuperado o controle de duas cidades próximas ao local da queda do avião. Uma milícia pró-governo disse que 23 de seus homens foram mortos em combates nas últimas 24 horas.
A comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, declarou que os combates cada vez mais intensos nas regiões de Donetsk e Luhansk são extremamente alarmantes e que a derrubada do avião da Malásia em 17 de julho pode configurar um crime de guerra.
Líderes ocidentais dizem que os rebeldes quase certamente derrubaram o avião por engano, com um míssil russo. A Rússia responsabiliza o governo ucraniano.
Identificação dos corpos
Até segunda-feira (28), 227 caixões com vítimas do incidente chegaram à Holanda, onde mais de 200 especialistas trabalham na identificação dos corpos.
Os investigadores ainda não têm certeza do número exato de corpos encontrados, pois os restos mortais de algumas vítimas podem ter se misturado devido a proximidade em que estavam dentro do avião.
A identificação das vítimas, que será feita pela analise da arcada dentaria, impressões digitais e exames de DNA, poderá demorar meses. Ao todo foram 298 mortos, entre eles, 193 holandeses, 43 malaios e 27 australianos.