Erotização infantil: crianças devem ser monitoradas e orientadas

Profissionais orientam para os riscos da exposição precoce à sexualização que vem da TV e redes sociais

Erotização pode prejudicar o desenvolvimento das crianças | Lucrécio Arrais
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A infância é uma fase muito importante do desenvolvimento humano. Assim como a adolescência e a fase adulta, ela é uma etapa importante que deve ser vivenciada de forma saudável. A erotização precoce é como ‘queimar uma etapa’. Afinal, incentivar beijo na boca ou danças sensuais, mesmo que sem ‘maldade’, pode causar prejuízos no futuro.

Expor a criança a experiências adultas é um dos principais problemas nesses casos. Embora o sexo seja algo natural, o processo de descoberta precisa ser natural e bem orientado.

É o que defende a psicóloga e sexóloga Denisdéia Sotero. Ela explica que é importante diferenciar as coisas. "A sexualidade, que é natural e deve ser orientada pelos pais, é diferente da sexualização. Os próprios pais podem incentivar isso sem perceber incitando brincadeiras como 'namoros' entre crianças, por exemplo", explica.

A erotização precoce é como queimar uma etapa na formação. Crédito: Lucrécio Arrais

Exposição das crianças

A profissional explica que são várias consequências. A exposição de crianças a cenas de sexo, por exemplo, pode ser desastrosa para a formação delas. "Primeiro porque elas podem acreditar que o sexo é algo violento, pode ser criado um bloqueio até a vida adulta. Ou mesmo provocar uma excitação inadequada, gerando quadros de ansiedade, por exemplo", acrescenta a psicóloga.

Infância é uma etapa importante da vida. Crédito: Raíssa Morais.

A exposição ao sexo na infância pode fazer com que a a criança não perceba ou naturalize abusos.

"Daí a importância da educação sexual, do ponto de vista da sexualidade humana, em níveis de acordo com a idade da criança. A criança desde cedo deve ser orientada pelos pais. Principalmente na hora do banho. Naquele momento, em que há o toque nas partes íntimas por conta da limpeza, a mãe, ou o pai ou cuidador deve falar que ninguém pode mexer ali", determina.

Sexualização através de redes sociais

As redes sociais abrem as portas para um mundo virtual que permite várias descobertas, assim como a vida real. YouTubers infantis, programas e jogos direcionados ao público, são várias opções de conteúdo. No entanto, os pais devem estar atentos para qual o tipo de conteúdo que os filhos estão consumindo.

É preciso que os pais fiquem atentos aos filhos e a forma com a erotização se dá- Lucrécio Arrais

Dancinhas sensuais

Dancinhas com movimentos e letras sensuais não combinam com crianças. "A sexualização acontece de forma externa, é uma 'adultização' que pode vir de uma novela com cenas inapropriadas, ou mesmo do TikTok, com letras obscenas", aponta Denisdéia Sotero.

Certas letras são estímulos nada positivos. 

"É importante que os pais se atentem ao que os filhos estão ouvindo e vendo nas redes sociais. Alguns movimentos de danças, a história da 'sarrada', por exemplo, são inadequados para determinadas idades. Música para adultos é para adultos mesmo", define a psicóloga.

Erotização infantil deve ser evitada. Crédito: Raíssa Morais.

Cresce em 12,5% casos de violação

Dados da Prefeitura de Teresina apontam o aumento de 12,5% nas violações de direitos contra as crianças, comparando os dados de 2022 aos de 2021. Os números são referentes aos casos atendidos nos conselhos tutelares de Teresina.

Os dados apontam que no ano de 2022, foram registrados 2.801 casos de violação de direitos contra as crianças, já em 2021, foram contabilizados 2.489 ocorrências atendidas. As violações de direitos com maior número de registros são: negligência; privação no acesso ao serviço público, abuso sexual, conflito familiar e violência física.

Vitimas de abuso

A psicóloga clínica Antônia Francisca Lima, especialista em psicologia jurídica, tem expertise no atendimento de crianças que foram vítimas de abuso sexual. "O principal sinal é a mudança de comportamento. Uma criança divertida e alegre que de repente fica mais retraída, apresentando medo, como o medo de escuro e de determinadas pessoas. É um tio, um padrinho, um vizinho. É preciso conversar para entender o que está acontecendo", revela.

A profissional da psicologia também alerta para a mudança de humor das crianças vítimas de abuso sexual.

Menina afetadas

 "A criança pode passar a ser agressiva. A rotina de sono também pode mudar, com insônia e pesadelos. Também tem outro fator importante que é a regressão. É o chamado comportamento regressivo. A criança volta a chupar o dedo e a fazer xixi na cama, por exemplo, após vivenciar a experiência negativa", alerta.

As meninas são as mais afetadas, mas os meninos também. "Uma coisa que a gente sempre orienta é o respeito ao corpo da criança. As redes sociais devem ser monitoradas pelos pais. O abuso também pode ser virtual. Existe uma sexualização muito grande em determinadas redes sociais que podem ser prejudiciais", finaliza.

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