Familiares de um idoso de 74 anos, morto em Praia Grande, no litoral de São Paulo, acusam uma funerária de terem liberado o corpo errado para o velório no cemitério da cidade. O mal entendido só foi descoberto após a insistência da filha e neta da vítima, que tiveram que mexer no corpo errado para constatarem o erro. A Osan, envolvida na situação, diz apurar o caso.
O susto aconteceu no início do velório do idoso, na sexta-feira (29), no cemitério Morada da Grande Planície, em Praia Grande. De acordo com a neta da vítima, que não quis se identificar, assim que o corpo chegou para a sala de velório, ela identificou que aquele não era seu avô.
“Estava lá para receber o corpo enquanto minha mãe assinava uns papéis. Insisti que aquele não era meu avô e logo depois minha mãe chegou, constatando isso. Eles disseram que era meu avô, que nunca trocaram um corpo e que ele estava diferente por estar inchado”, contou ela.
Revoltada, a mãe da jovem pediu para verificar se no corpo havia uma marca em um dos pés, característica de seu pai e que confirmaria a troca. “Eles disseram que ela teria que fazer por conta e risco, pois violaria o corpo. Nós, sozinhas, tiramos todos, puxamos o pé do homem para fora e vimos que não era meu avô”.
Mesmo com a confirmação, segundo a jovem, os funcionários continuaram a negar a possibilidade de o corpo estar errado no caixão. A empresa só reconheceu o erro após checar as geladeiras da funerária, que fica ao lado do cemitério, e encontrarem o corpo certo. “Isso porque disseram que não havia outro corpo lá, só o do meu avô”.
Segundo ela, a troca aconteceu já na funerária, e não no Serviço de Verificação de Óbito (SVO), que funciona no Hospital Guilherme Álvaro, em Santos. “Meu avô chegou à Osan quinta-feira (28). Era ele mesmo. O senhor que estava no caixão será velado no sábado (30), pois morreu quinta. A família dele, provavelmente, não vai nem saber o que aconteceu”, diz.
Após o mal entendido, o corpo errado foi levado para a funerária. Ele vestia a roupa separada pelos familiares, que foi retirada e vestida no corpo certo. Depois, a empresa ofereceu uma sala de velório do complexo à família para tentar confortá-la. “Ofereceram uma sala, prepararam o corpo para ficar mais tempo. O enterro, que seria 13h, acabou sendo 14h30. E só. Depois não falaram mais nada”.
O G1 falou por telefone com um funcionário da Osan que preferiu não se identificar. Segundo ele, a troca dos corpos teria acontecido no Serviço de Verificação de Óbito, e que uma vez o SVO liberando o corpo, ao chegar à funerária, ele é apenas preparado, não tendo os funcionários de identificá-lo.
Em nota, depois, a empresa limitou-se a dizer prestou auxílio à família, e que “está havendo desencontro de informações e procedimentos”, o que é suficiente à isenção de qualquer das partes envolvidas. A Osan reitera que instaurou processo administrativo para investigar o ocorrido, de forma sigilosa, para preservação dos envolvidos.