Um espaço amplo, coberto e fechado, com cordas para pendurar, bolas para equilibrar, entre outras ferramentas.
Não é uma lona que cobre o lugar, mas ele consegue acolher palhaçadas, acrobacias e muita diversão. Este é o projeto Pé-de-Moleque, escola de circo localizada no bairro Areias voltada para tirar as crianças do bairro da marginalidade. Esta é uma das poucas atividades voltadas para o lazer e educação informal da comunidade.
Todos os anos, cerca de 30 crianças na faixa etária de 13 e 14 anos são matriculadas na escola onde aprendem tudo da arte do circo. Malabares, acrobacias, equilíbrio, magia e palhaçada são as áreas que envolvem o aprendizado dessa arte.
Segundo Maurício José da Silva, instrutor de acrobacia na escola, além de ser o aprendizado de uma arte, o entretenimento desses adolescentes contribui para tirá-los do mundo do crime. ?Elas são crianças de área de risco. A gente tenta ocupar o tempo para que não entrem na marginalidade?, conta. Pela escola já passaram jovens que hoje atuam em grandes circos do país, um motivo a mais para valorizar uma cultura, que talvez seja a única a que muitos desses jovens têm acesso.
?Tem jovens que começaram aqui, mas hoje estão no Beto Carreiro, pelo menos uns sete estão lá. Tem outro rapaz que está na Inglaterra trabalhando com um grupo de arte. Eles são da comunidade e hoje estão bem?, conclui Maurício.
População reclama de abandono no bairro Areias
O bairro Areias, localizado na zona Sul de Teresina, existe há mais de 12 anos e ao longo desse tempo tem acumulado uma série de problemas. A comunidade é uma das menores da zona Sul, abrigando pouco mais de 700 famílias. Os moradores reclamam da situação de abandono que o local tem passado. O lixo, mato e a violência são apenas algumas deficiências enumeradas pela população.
Joseane Feitosa mora na Rua Victor Andrade de Aguiar há dois anos e reclama das dificuldades do lugar. ?O mato é um grande perigo e o calçamento, que não existe em várias ruas, também é um problema. Ônibus só passam duas linhas e uma delas demora mais de uma hora. A segurança também é precária. São muitas coisas?, conta a moradora.
De fato, o problema do mato é um grande empecilho. Os vários terrenos baldios e a ausência de capina contribuem para o acúmulo de lixo e o mau cheiro em alguns lugares. Guilherme Ferreira mora em frente a um desses locais e conhece bem esse problema. ?Tem gente que vem e joga animal morto, lixo e fica esse odor insuportável?, comenta o morador que reside na Vila Clemente Fortes há 12 anos.
Para o presidente da Associação de Moradores da Vila, João Francisco Lopes, a grande quantidade de terrenos baldios, sem dúvida, é o maior problema, que gera tanto insatisfação por conta do acúmulo de lixo, como reforçam a sensação de insegurança do local.
?A comunidade hoje tem tudo, creche, luz, calçamento, casa popular, mas o mato tem sido um problema, pois acaba servindo de esconderijo de gente ruim. Vários jovens entram para usar drogas e muitas pessoas têm medo de passar por lá?, explica.
O terreno ao qual João Francisco se refere divide as Vilas Clemente Fortes e Santa Cruz e tem sido reclamação constante dos populares. Visivelmente abandonado, o mato alto tem altura suficiente para encobrir uma pessoa de estatura média e a ausência de cercado facilita o acesso ao lugar para uso indevido. ?O dono de lá morreu e ninguém sabe quem vai tomar providência. Acredito que a prefeitura é quem tem que fazer isso?, completa o presidente da Associação.
A violência é outro problema que tem deixado grande parte da população com medo até mesmo de sair nas ruas.
Durante o dia, a tranquilidade das vilas, com crianças brincando nas calçadas escondem o que acontece durante a noite. Segundo Suele dos Santos, que mora com dois filhos e o esposo, os tiroteios já chegaram a acontecer do lado de sua casa, na Rua C do bairro. ?A gente vive com medo porque está demais. Quase toda noite a gente escuta os tiros. Está assim, violento?, conta.
Prefeitura providencia melhorias
A Superintendência de Desenvolvimento Urbano da Zona Sul (SDU Sul) informou que há um cronograma a ser cumprido para a capina dos bairros da região. Em nota, o órgão também informa que ?300 trabalhadores atuam na limpeza, sendo dez equipes para capina e varrição, que todos os dias percorrem os bairros da região?.
No entanto, no período chuvoso, quando o mato cresce mais rápido, a SDU Sul afirma que o cronograma é reforçado, ?Diante da necessidade, a SDU Sul pode programar um mutirão de limpeza?, já que o período máximo de uma limpeza a outra é de 90 dias.
A Prefeitura de Teresina também informa que já está em andamento a licitação para contratação de empresas responsáveis pela execução de obras e serviços de recuperações de pavimentação, drenagens, praças, canteiros, obras de contenção, quadras e campo de futebol para atender o bairro Areias. O aviso de licitação está publicado no endereço eletrônico da Prefeitura.