Conciliação combina com música? A Semana Nacional da Conciliação mostra que sim. Isso porque durante toda a semana, as partes que venham participar de balcões de negociação no 5.º andar do Fórum Cível e Criminal de Teresina serão acolhidas pelo projeto Música para Conciliar, desenvolvido pelo Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (Nupemec) em parceria com o Tribunal de Justiça do Estado do Piauí (TJ-PI) a Escola de Música Dona Gal.
Para a magistrada Lucicleide Belo, coordenadora do Nupemec, a música desempenha um papel muito relevante para a prática da conciliação. Com a música, diz a coordenadora, as pessoas entram num espírito mais relaxado. “Quando você relaxa e acalma a sua mente, você se afasta de decisões tomadas pela emoção e pode ver o conflito de maneira mais clara”, afirma. “Nós vemos a realidade com outro ânimo, e assim tomamos melhores decisões. Nesse sentido, a música é muito importante”, diz a magistrada, que sublinha o sucesso do projeto ressaltando que este é o segundo ano que a Semana Nacional da Conciliação conta com o Música para Conciliar.
Essa é a mesma opinião de Vânia Sales, criadora da Escola de Música. Para a musicista, que além de dirigir a premiada escola e atuar como violinista da Orquestra Sinfônica de Teresina, a música ajuda a negociar a paz, que é exatamente o espírito que a Semana tenta trazer. “A música ajuda a criar uma atmosfera de paz para as partes”, afirma a musicista, que também explica que a seleção de música é pensada para estabelecer um clima mais pacífico entre as partes. “Nossos arranjos são acústicos e mais lentos. Mesmo quando escolhemos músicas mais aceleradas, damos um andamento mais calmo para elas”, diz.
A Escola de Música Dona Gal foi criada por Vânia Sales após uma doação de instrumentos musicais que chegou à sua casa. Desde então, o projeto — que se dedica a tirar crianças de situação de violência através do poder transformativo da música — tem crescido de maneira rápida, conquistando diversos prêmios e reconhecimento nacional. Atualmente, cerca de 500 crianças frequentam a escola, que se mantém inteiramente através de doações e da solidariedade.