“Estive na morte e recebi a chance de uma segunda vida”, assim declara a escritora Roseana Murray, de 73 anos. No dia 5 de abril de 2024, ela foi atacada por três pitbulls na rua da casa dela em Saquarema (RJ), passou 13 dias internada e teve o braço direito amputado. Apesar da aflição e do desânimo, Murray se recuperou com otimismo e voltou a escrever, característica essa que a fez enxergar a vida de uma nova forma.
ESPERANÇA
Murray ficou internada no Hospital Estadual Alberto Torres, em São Gonçalo. No dia 18 de abril recebeu alta, e a data também marca o Dia Nacional do Livro Infantil e, por sinal, a escritora já publicou mais de 100 exemplares.
“Não é tão fácil porque eu passei por muita dor, perdi o braço direito que escreve, mas 24 horas depois que eu recebi a notícia que tinha perdido o braço, eu já sabia que ia aprender a escrever com o braço esquerdo, que é o mais importante para mim, e realmente eu estou aprendendo. É uma letra bastante de criança, mas estou me divertindo”, disse Roseana Murray.
A ARTE DE ESCREVER
Em entrevista ao Programa Ronda do Povão, da TV Meio, ela contou que o seu desejo pela literatura “começou na infância”, e que, desde então, nunca mais parou. Pouco tempo depois, nasceu o seu primeiro filho, que hoje tem 7 anos. O garoto foi quem a inspirou a escrever para o próximo.
“Ele queria ver o que eu escrevia, só que eu escrevia para mim mesma, eu escrevia falando dos meus anseios, de minhas angústias, então eu comecei, de brincadeira, escrever para ele, mostrei para a professora dele, e a professora dele falou 'nossa, que poemas lindos, você tem que publicar’”, explicou.
“Então, foi uma professora que me deu o primeiro ato de coragem, demorei bastante, mas consegui publicar meu livro e não parei mais”, acrescentou a escritora.
A ESCRITA É TERAPÊUTICA
Roseana Murray já esteve em Teresina, na Capital do Piauí, onde participou “de duas feiras literárias em escolas”. Segundo ela, a leitura “é primordial na escola, a literatura é terapêutica, e a poesia também, e ajuda a gente a atravessar as horas difíceis”.
“A leitura deve ser o carro que puxa todas as outras matérias [...] Então a poesia, os contos, romances devem ser muito lidos nas escolas”, finalizou.