Surpreso pela condenação do falecido deputado federal e estilista Clodovil Hernandez a pagar R$ 5 mil por danos morais, o também estilista Ronaldo Ésper disse nesta quinta-feira (29) que irá doar para a caridade o valor da indenização. A decisão proferida pela juíza Maria Carolina Mattos, da 14ª Vara Cível de São Paulo, em 13 de abril, refere-se a um processo aberto em 2005. Ainda cabe recurso.
Na ação, Ésper acusou Clodovil de ter dito a uma revista que ele roubou obras de arte na Itália, país onde morou. ?Queria uma reparação moral. Ele me ofendeu?, disse. ?Mas, se receber o dinheiro, doarei. Não quero dinheiro. Se quisesse, pediria muito mais?, completou. O valor da sentença é metade dos R$ 10 mil reivindicados por Ésper.
Na decisão, a juíza afirma que o espólio de Clodovil, morto em março de 2009, irá pagar a indenização. Maria Hebe Pereira de Queiroz, advogada que cuida do espólio do ex-deputado, disse que vai recorrer. Ela deixou claro, no entanto, que a sentença não a surpreende. ?A gente já esperava isso. O Clodovil falou efetivamente o que não devia.?
Em sua defesa, Clodovil afirmou que apenas reproduziu na entrevista o que ouviu de Ésper durante conversa entre os dois no Parque Trianon, em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp). Clodovil contou a uma publicação que ouviu de Ésper o relato de que ele "teve problemas ao sair da Itália com obras de arte por não conseguir comprovar sua procedência". Sobre o bate-papo, Ésper foi enfático: ?Imagina. Nunca existiu essa conversa. Também nunca estive no Trianon.?
Clodovil Clodovil, morto em março de 2009 (Foto: Reprodução )
De acordo com o estilista vitorioso, não há ressentimentos com o ex-deputado. ?Nunca tive nada contra ele?, disse. ?Mas acho que era uma pessoa que tinha problema contra ele mesmo?, alfinetou.
Questionado a respeito das acusações de Clodovil, Ésper teorizou: ?Acho que ele tinha inveja de minha coleção de arte. Tenho muitas obras, principalmente quadros, de artistas brasileiros e estrangeiros?.
O episódio que envolve a ação de indenização é anterior a 19 de janeiro de 2007, quando Ronaldo Ésper foi preso sob acusação de furto de dois vasos do Cemitério do Araçá, em São Paulo. O estilista foi absolvido.