É comum ouvir reclamações envolvendo a demora na perícia de trânsito no Piauí. O problema é antigo e piora à medida que a frota de veículos aumenta. O sistema sucateado e deficitário causa diversos transtornos, exigindo medidas urgentes.
A espera no local do acidente chega até 4 horas, em alguns casos pode até mesmo ultrapassar essa faixa. Provocando danos visíveis ao processo de apuração e, antes de tudo, testando a paciência dos cidadãos, que em muitas ocasiões enfrentam grandes congestionamentos, devido às adversidades na realização do trabalho.
Comandando a Companhia Independente de Trânsito (Ciptran), o major Adriano Lucena confirma o déficit no número de profissionais e sinaliza para a adoção de soluções imediatas. “Quem afirma que demora, está certo. Isso acontece por dois principais motivos: a demanda enorme e a equipe reduzida”, destaca.
De acordo com o profissional, ocorrem cerca de 300 acidentes por mês na capital, sendo que 60% destes com danos materiais e sem vítimas, ou seja, casos de responsabilidade da Ciptran. “Atualmente temos capacidade para fazer 8 laudos por dia, sendo que precisaríamos realizar entre 20 a 25”, afirma.
O major destaca que busca fazer o possível para dar celeridade ao levantamento do local do acidente, mas sempre emperra nas dificuldades com o contingente.
“O que estamos fazendo é a otimização do serviço. Temos cinco equipes que atendem os pedidos e doze pessoas que trabalham na confecção dos laudos.
É uma demanda crescente, é difícil mensurar. Para o momento, precisaríamos mais do que triplicar o número de profissionais”, elenca. Lucena impõe que muitos acidentes sequer são notificados e a média de 12 por dia, representa na realidade em torno de 20.
As dificuldades no trabalho da perícia não se resumem aos agentes da Ciptran, as ocorrências com vítimas são direcionadas à Polícia Civil e, neste caso, a situação é ainda pior.
Segundo o presidente da Associação Piauiense de Peritos Oficiais Fausto Vasconcelos, os gestores públicos deveriam dar uma atenção maior ao caso. “Tem pouca gente. No plantão externo são só dois peritos para todo o Estado e quando a demanda é alta, ocorrem atrasos”, diz.
O representante da categoria sinaliza para a realização de concursos públicos para imediata efetivação. “Hoje somos 35, sendo que 10 estão em processo de aposentadoria. Só fazendo um certame para resolver, inclusive, existem 26 classificados, mas até agora nada de serem chamados”, reclama.
Vasconcelos destaca que no interior deveria haver equipes de perícia, mas a realidade é outra. “Quando acontece algum acidente no Sul do Piauí temos que ir até lá de viatura e isso demora muito, muitas vezes ficamos de mãos atadas, pois o Estado está crescendo e consequentemente o número de ocorrências”, detalha.
O profissional explica como funciona o plantão e alerta para os prejuízos na investigação. “No plantão externo são duas equipes, uma para trânsito e outra criminal, sendo cada uma constituída no máximo por dois agentes.
Desse modo, muitas vezes quando chegamos no local, alguns detalhes já foram perdidos e isso prejudica a apuração”, revela. Ele estima que para amenizar a situação seria necessário pelo menos a atuação de mais 150 peritos.
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