O presidente americano Donald Trump reagiu no Twitter, na noite desta terça-feira (7), ao ataque iraniano a duas bases que abrigam tropas dos Estados Unidos no Iraque. "Está tudo bem! Mísseis lançados do Irã contra duas bases militares localizadas no Iraque. Avaliação das vítimas e mortes ocorrendo agora. Até o momento, tudo bem! Temos, de longe, as forças armadas mais poderosas e bem equipadas do mundo! Farei uma declaração amanhã de manhã." As informações são do G1.
Um militar americano afirmou à rede de televisão CNN que as forças armadas foram previamente avisadas do ataque, e que as pessoas tiveram tempo de se abrigar em bunkers. Autoridades americanas informaram à imprensa que não há relatos de vítimas dos EUA.
Inicialmente, fontes de segurança do Iraque relataram à CNN que havia vítimas iraquianas. Depois, entretanto, outras fontes do país não confirmaram a informação.
Pouco antes de Trump, o ministro de Relações Exteriores do Irã, Javad Zarif, escreveu, também no Twitter, que "o Irã adotou e concluiu medidas proporcionais em autodefesa". "Nós não buscamos a escalada [do conflito] ou a guerra, mas nos defenderemos de qualquer agressão", acrescentou.
As duas bases atacadas no Iraque abrigam forças americanas e iraquianas. Elas foram atingidas por mais de uma dúzia de mísseis iranianos na noite desta terça (7) -- madrugada de quarta (8) no horário local --, numa ação de vingança pela morte do general Qassem Soleimani num ataque de drone americano.
A base aérea de Ain Al-Asad, no oeste do país, é uma das que foram atingidas. A outra está em Erbil, na região curda do Iraque. A Guarda Revolucionária do Irã assumiu a responsabilidade pelos lançamentos dos mísseis.
Uma fonte de segurança do Iraque disse à CNN que 13 foguetes atingiram a base de Al-Asad, e que eles foram lançados de uma distância de cerca de 10 km. Fontes curdas afirmaram que os mísseis atingiram duas partes separadas de Erbil: um caiu dentro do perímetro do aeroporto, mas não explodiu, e o outro caiu cerca de 33 km a oeste da cidade sem deixar vítimas.
"Está claro que esses mísseis foram lançados do Irã", declarou o Pentágono, confirmando os ataques. "Estamos trabalhando em avaliar os danos iniciais da batalha".
Um porta-voz das forças armadas da Noruega disse à Associated Press que cerca de 70 soldados noruegueses estavam na base de Al-Asad, mas que não houve relatos de feridos. A Alemanha informou que seus soldados em Erbil estão bem. Segundo a Reuters, cerca de 115 militares alemães estão na cidade.
A Austrália e a Nova Zelândia também informaram que todos os seus diplomatas e militares no Iraque estão seguros.
Inicialmente, uma rede estatal de TV iraniana havia informado que "dezenas de mísseis" foram lançados contra a base de Al-Asad. A agência de notícias Tasnim falou em uma "segunda rodada de ataques" pelo Irã, mas não ficou claro a quais ofensivas essa "rodada de ataques" se referia.
Segundo a rede de televisão árabe Al Mayadeen, citada pela Reuters, helicópteros americanos estiveram presentes em ao menos um dos locais atacados, e um estado de "alerta total" foi ativado.
A equipe do presidente dos EUA, Donald Trump, estava se preparando para um possível pronunciamento ainda esta noite, mas, depois, a Casa Branca informou que ele não falaria.
Mais cedo, a assessora de imprensa de Trump, Stephanie Grisham, informou que ele estava a par dos ataques, e, depois, declarou que não haveria mais comunicados da Casa Branca esta noite.
"O presidente foi informado e está monitorando a situação de perto e consultando sua equipe de segurança nacional", disse.
O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, e o secretário da Defesa, Mark Esper, estiveram na Casa Branca junto com o vice-presidente, Mike Pence.
Logo após os ataques, a Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA, na sigla em inglês) proibiu voos americanos não militares de viajar pelo espaço aéreo do Iraque, do Irã, e sobre as águas do Golfo do Omã e do Golfo Persa.
A "Singapore Airlines" anunciou, em comunicado à CNN, que desviou todos os voos entrando e saindo da Europa para fora do espaço aéreo iraniano.
A "China Airlines", de Taiwan, declarou que não voaria no espaço aéreo do Irã e do Iraque.
Ameaças
De acordo com uma rede de TV iraniana, o ataque é parte da operação de vingança de Teerã, chamada de "Mártir Soleimani", contra a morte do general Qassem Soleimani, na semana passada, em um ataque aéreo americano no Iraque. O comandante era chefe da Força Quds, unidade de elite da Guarda Revolucionária iraniana e, no momento dos ataques, seu corpo ainda não havia sido enterrado.
"Estamos alertando todos os aliados dos americanos, que deram suas bases ao seu exército terrorista, de que qualquer território que seja ponto de partida de atos agressivos contra o Irã será alvo", declarou a Guarda Revolucionária do Irã por meio da Irna, a agência de notícias oficial iraniana.
"Os americanos sabem agora que suas bases podem ser alvo do Irã... Suas bases serão alvo se os Estados Unidos responderem aos ataques", declarou a Guarda à TV estatal do país. A força também alertou os Estados Unidos para que retirassem tropas da região para evitar a morte de soldados.
"Saiam da nossa região!", escreveu o ministro das Telecomunicações do Irã, Azari Jahromi, no Twitter.
Outro oficial iraniano, Saeed Jalili, representante do líder supremo do país no conselho de segurança nacional, tuitou uma imagem da bandeira do Irã pouco depois dos ataques.
Um conselheiro do presidente iraniano escreveu que "qualquer ação militar adversa pelos Estados Unidos será enfrentada com uma guerra total em toda a região. Os sauditas, no entanto, poderiam seguir um caminho diferente - eles poderiam ter paz total!", escreveu Hesameddin Ashena.
A Guarda Revolucionária iraniana também ameaçou Israel e Emirados Árabes. Em seu canal no aplicativo de mensagens Telegram, a Guarda disse que atacaria a cidade israelense de Haifa e Dubai se o território iraniano fosse atingido. Disse ainda que, se os Estados Unidos retaliassem o ataque desta terça, responderiam à ofensiva "dentro da América".
A base aérea de Ain Al-Assad fica no oeste do Iraque, na província de Anbar. Começou a ser usada pelas forças americanas depois da invasão do Iraque pelos EUA em 2003, que derrubou Saddam Hussein. As tropas americanas também ficaram lá durante o combate contra o Estado Islâmico. Cerca de 1,5 mil soldados estão abrigados ali, segundo a AP.
Poucas horas depois do ataque iraniano, um avião de uma companhia aérea da Ucrânia, com 170 passageiros a bordo, caiu logo após decolar do aeroporto de Teerã. Até a última atualização desta reportagem, não havia evidências de que os dois incidentes tivessem ligação.