Estado do Rio vive uma de suas piores tragédias: 219 mortos

A cidade mais afetada do estado ainda é Niterói, com 132 mortos.

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As esperanças de se encontrar sobreviventes entre as 200 pessoas que podem estar sepultadas pelo delizamento de terra ocorrido quarta-feira no Morro do Bumba, em Niterói, eram cada vez menores nesta sexta-feira, e o número provisório de mortos na tragédia causada pela chuva, no estado, chegou a 219.

Mais de 14.000 pessoas perderam suas casas na tempestade que se abateu sobre o Rio de Janeiro, entre segunda e terça-feira, com as chuvas subsequentes fazendo com que o estado entrasse em colapso.

A cidade mais afetada do estado ainda é Niterói, com 132 mortos.

O desmoronamento no Morro do Bumba, uma favela de Niterói, arrastou cerca de 45 casas, soterrando 200 pessoas sob uma montanha de terra e lixo, segundo estimativas dos socorristas.

Essas residências construídas sobre um antigo lixão, através de uma ocupação irregular do solo, incentivada depois pelas autoridades por meio de projetos urbanísticos. No local já foram encontrados 27 mortos.

"Há possibilidades (de se encontrar outras pessoas). Não é fácil, mas ainda há esperanças", declarou à AFP o secretário de Segurança e Defesa Civil de Niterói, Marival Gomes.

Sua opinião entra em contradição com a dos bombeiros que, desde quarta-feira, trabalham sob condições difíceis, com a presunção de que já não pode mais existir vida sob toneladas de terra.

Logo no início dos trabalhos de resgate, muitas pessoas foram encontradas, feridas. Depois, só apareciam cadáveres, constataram jornalistas da AFP no local.

Na cidade do Rio de Janeiro, a segunda em número de mortos, com 67, o prefeito Eduardo Paes publicou decreto tornando obrigatória a remoção de moradores de áreas de risco à revelia.

De acordo com a medida, a prefeitura poderá, inclusive, empregar a força para tirar as pessoas das casas em locais de risco.

"Existe a possibilidade de novas chuvas na cidade e não podemos permitir que permaneçam em locais perigosos", precisou o prefeito, numa improvisada entrevista à imprensa pela manhã.

Nuvens cinzentas se alternam nesta sexta-feira com raios de sol tênues no Rio de Janeiro.

Na imprensa e entre políticos, afloram críticas à permissão de construções irregulares no Rio de Janeiro. Mas a realidade demostra que os moradores desses bairros pobres - os mais ameaçados - não têm recursos suficientes para viver em outros locais mais dignos, o que acaba por formar um verdadeiro círculo vicioso.

No local do deslizamento em Niterói, existia há 40 anos um lixão gigantesco desativado. Jogou-se sobre o local uma camada de terra e as pessoas começaram a invadi-lo, para levantar aí as próprias casas.

Hoje, parte dessa zona transformou-se numa imponente cratera que se estende por 600 metros e que termina numa parede gigante de terra, blocos de cimento, ferros retorcidos e toneladas de lixo, em meio ao odor de gás metano, produto da decomposição dos antigos resíduos.

O governo federal liberou na quinta-feira 200 milhões de reais para ajudar municípios do estado de Rio afetados pela chuva, informou o governador do estado, Sergio Cabral.

Mas o trabalho dos bombeiros prossegue sem descanso, em meio a riscos de novos deslizamentos, advertem os técnicos.

A questão dos alagamentos foi agravada com a passagem de um ciclone extratropical pelo oceano, que registrava ondas superiores a 4 metros de altura, dificultando, com isso a drenagem das águas pluviais e multiplicando as inundações.

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