"Eu estou destruída. Acabou comigo. Era minha única filha". Esse é o sentimento de Márcia Ângela Teixeira, mãe da caixa de loja Vanessa Ângela Teixeira de Oliveira, de 21 anos, que foi encontrada morta com vários ferimentos, na manhã desta quinta-feira (6), em um canavial na zona rural de Araraquara (SP). O padrasto dela, Elton Renato Nunes Francisco, de 34 anos, é o principal suspeito do crime e está desaparecido desde a noite de quarta-feira (5), quando saiu para buscar a jovem no trabalho. Ele é procurado pela polícia.
De acordo com Márcia, o marido buscava a enteada todos os dias em um shopping da cidade, onde ela trabalhava. A mãe contou ainda que na noite de quarta-feira (5) o padrasto disse que ela teria uma surpresa e que iria se decepcionar muito com ele. Antes de sair, ele teria dito que estava com o "bicho no corpo". "Ele falou o dia inteiro que até sexta-feira resolveria a vida dele, que defunto não paga dívida. O que a gente mais tinha era dívida. Na hora de buscar a minha filha eu falei: quer que eu vá junto?. Ele falou que não. Se eu soubesse eu teria ido. Se tivesse que morrer, morreriam as duas juntas", afirmou a mãe, que ainda inconformada disse não esperar por justiça. "Justiça não adianta, desejo o mesmo para ele. Eu sinto muito pela mãe dele", afirmou.
Relacionamento normal
Segundo a mãe da jovem, a relação entre enteada e padrasto era normal e diariamente ele buscava a jovem no trabalho. Ele vivia com a família há quatro anos. "Ele ia buscar porque ela podia perder o ônibus. Ela pagava metade do passe para ele colocar de gasolina e buscar ela", disse.
Márcia também disse que o padrasto nunca foi agressivo. "A gente tinha as discussões que todo casamento tem, mas nunca agrediu, nunca veio para cima para querer bater. Nunca teve briga, nada", afirmou.
O homem, que tem outros quatro filhos de outros casamentos, já foi preso por não pagar pensão alimentícia. O carro dele, um Corsa Sedan branco, com placa KLX-0353, de Araraquara, ainda não foi encontrado.
"Pelas informações que colhemos ele é o principal suspeito até porque ele foi buscá-la no serviço por volta das 22h30 e depois não reapareceu mais. Ainda não sabemos a motivação do crime. Parece que não convivia bem com a mãe e talvez acabou descontando na jovem", disse o delegado Elton Negrini, da Delegacia de Investigações Gerais (DIG).
Laudo
O corpo de Vanessa foi encontrado por volta das 8h próximo da Casa de Emaús. Um trabalhador que cortava cana durante a manhã viu os pés da vítima e chamou a Polícia Militar. De acordo com o delegado, a jovem tinha ferimentos nos braços e no pescoço, que foram feitos por um instrumento cortante, como faca ou canivete. "Lesões na cabeça, no rosto, algumas lesões nos braços e nas mãos, que seriam lesões de defesa", disse.
A PM informou que a jovem estava com a calça e a calcinha abaixadas até os joelhos. O laudo do Instituto Médico Legal (IML), que vai apontar o a causa da morte, o objeto usado e se houve violência sexual, deve sair em 30 dias.