Quando faltava uma semana para as provas do Instituto Militar de Engenharia (IME), a estudante Bruna Alves Ramalho, de 17 anos, caiu num choro convulsivo. Achava que não passaria num dos vestibulares mais difíceis do país. Ledo engano. Bruna ficou com o primeiro lugar geral no concurso, em que mulheres ainda são “estranhas” no ninho.
Mas o sucesso de Bruna não se restringe ao IME. Ela ficou com o quinto lugar geral na Academia da Força Aérea e o primeiro no concurso para mulheres da Escola Naval. Todo esse destaque deixou a garota surpresa.
— Chorei antes das provas porque não acreditava no meu potencial. Tive que melhorar na marra. Caso contrário, não daria conta— recorda. — Quem faz este tipo de prova gosta de desafios. Então, é natural querer uma boa colocação. Mas não esperava que ia ser assim.
Juntando todos os concursos, Bruna enfrentou sete dias de provas, entre agosto e outubro. E ainda fez o vestibular do Instituto Tecnológico de Aeronáutica, na semana passada. Apesar de tantas opções, ela está convicta sobre qual será o seu destino.
— Quero ir para o IME. Fiz os outros exames por garantia. Só não sei bem qual carreira vou seguir. Penso em engenharia química. Mas acho que meu futuro profissional será definido lá dentro — conta, já planejando fazer estágios e intercâmbios.
Os olhos de Bruna se abriram para a instituição, onde a concorrência chega a 60 candidatos por vaga, ao longo do ensino médio. Ao participar de olimpíadas de física e química, ela tomou gosto pelas matérias. Quando começou a pensar nas possibilidades, fez uma visita ao instituto e adorou.
Garantir a vaga não foi fácil. Aluna do Colégio Militar, ela precisou abrir mão das aulas de equitação e ginástica artística, de que tanto gostava, no início do ano. As duas atividades deram lugar a uma pesada bateria de estudos:
— No começo, entrava às 6h30m no Colégio Militar, onde ficava até as 13h. Depois, almoçava e ia para o cursinho no Pensi, que durava a tarde toda.
Como já havia sido aprovada para engenharia química na UFRJ com sua nota no Enem de 2013, ela foi liberada das aulas do Colégio Militar nos segundo semestre. Mesmo assim, estudava em casa pela manhã. E, quando chegava do cursinho, por volta das 21h, continuava a maratona até a meia-noite.
NO MEIO DOS ESTUDOS, UM NAMORADO
Mas nem tudo é sacrifício na vida de um estudante como Bruna. Foi em meio aos estudos que ela conheceu o seu namorado, Raphael Mendes de Oliveira, de18 anos. Como ele mesmo conta, a primeira conversa foi no cursinho, quando ela pediu ajuda sobre uma dúvida em matemática. A partir daí, eles começaram a estudar juntos antes das aulas e não se desgrudaram mais.
— A gente combinava de estudar as mesmas coisas em casa e, no dia seguinte, um ajudava ao outro com as dificuldades — conta o rapaz.
Ter os mesmos objetivos favoreceu muito o casal, já que as atividades de lazer precisaram ser diminuídas em função da rotina de estudos. Cinema, como lembra Raphael, só uma vez por mês.
Mas o esforço conjunto valeu a pena. Raphael também foi aprovado no IME, onde pretende estudar, além da Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante e da Escola Naval.
Agora, só descanso.
— Não sei como vai ser a abstinência do s estudos. Só sei que quero acordar tarde — Bruna planeja, aliviada.
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